De borracha
Ando com sandálias de borracha pelo piso do banheiro. Rastejo com um balde, água, desinfetante e escova, limpando o cômodo como nunca havia sido tão cômodo. Eu, um senhor de sessenta anos com minha mãe a ouvir orações e preces na televisão da sala, nunca tinha feito essa tarefa aparentemente difícil, que será repetida por vezes nesta quarentena. O professor aprende mais do que ensina. Esse tal Amor deve ser a ferramenta nova no balde que com certeza vai desinfetando o piso conhecido e desinfetando ainda mais o espírito, esse ilustre desconhecido. Minha mãe leva consigo uma doença que devido à idade não pode ser tratada, porém, para ela tudo é questão de fé e a dela tem o tamanho da eternidade. Pronuncia alto as respostas às orações dos sacerdotes que trafegam pelas imagens televisivas, entre um alerta sobre a covid-19 e as publicidades do canal evangelizador. Eu e ela, ela e eu. Há pouco eu lavava as louças e as panelas do almoço que também de forma original, aprendi a fazer dand...