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Mostrando postagens de outubro, 2024

Imagine

Imagine uma caixa de sapato sem os sapatos. Um conjunto tridimensional de papelão. Adoro fazer peças com placas de papelão retiradas das caixas que encontro nos supermercados, porém essa caixa já veio pronta da fábrica e continha um par de tênis. A tampa já vem acoplada e fixada numa das arestas da caixa. Essa informação é importante porque facilita na hora de abrir e fechar, além de não corrermos o risco de perdermos a tampa. Explico que usei o verbo "corremos" porque essa caixa não é só minha. Minha é a ideia de encaparmos a tal caixa para guardarmos os materiais de desenho e pintura para as nossas aulas que acontecem durante o ano. Uma caixa coletiva que depois da primeira camada de colagem de papéis, ela vai recebendo novos pedaços de pequenos e médios papéis durante o ano todo. Voltemos. Dia primeiro de janeiro eu pego pequenos pedaços dos papéis que embrulharam os presentes de Natal e encapo a caixa por dentro e por fora. O nome oficial dessa técnica é papietagem, mas a...

Conectividade

Acho bonitas as conexões emocionais afetivas. Hoje no café eu comentava sobre dois amigos de inteligência rara e meticulosos, ambos com alguma dificuldade social. Claro, afinal essa inteligência sensível causa estranheza na maioria dispersa. Fui ao casamento de um dos amigos, até fiquei sabendo do nascimento do primeiro filho dele e alguns meses depois fui visitar a família.  O outro caro amigo não é casado. Hoje o menino é um adolescente que só não foi meu aluno na Escola Pública porque estudou na classe que eu não dei aulas no ano passado. Presencialmente foi a última vez que vi meu amigo, sendo que nos cumprimentamos, cada um no seu automóvel, momentos depois de ele ter deixado o filho na Escola. Hoje em São Paulo o transporte coletivo é gratuito e a causa é a eleição municipal. Pensei que na ausência de segundo turno em Sorocaba eu pagaria a passagem. Enganei-me. Para Sorocaba também não paguei a passagem. Enquanto descia a escada em direção ao embarque observei o recibo que me...

Vidros no muro

Apresentei a passagem para o motorista e disse: Boa noite. Ele já foi logo arrematando: Olha o radialista aí! Eu completei: Você me trouxe para Sorocaba no domingo, falou sobre a minha voz, mas eu não comentei que você também tem voz de radialista. Deu tempo de falarmos juntos: ZYZ rádio Cometa FM. Juro que os outros passageiros que vinham atrás nem perceberam ou reclamaram. Rio. Claro que depois de escrever ZYZ eu dei um google sem pestanejar. ZY significa que é uma rádio mesmo, a outra letra muda regionalmente e vai indicar se é uma rádio AM, ou FM. Como eu sempre termino com FM, o meu regional afirma que é Z, de FM. ZYZ. Zíz foi o pequeno ruído que o pequeno pássaro fez ao tocar o bico no vidro da porta da minha varanda. Decidi que ao contar pra vocês eu ia começar deste quase fim. Acordo bem cedo e agora que ganhei uma geladeira nova eu faço meu café da manhã. Ao me levantar para essa primeira tarefa eu percebi que pela porta da varanda que eu deixo sempre aberta, vinha um friozinh...

Marchinhas

Esperando para atravessar a rua e me encaminhar para a Estação Ana Rosa do metrô, fiquei ouvindo o alto falante de uma loja popular, tocar marchinhas carnavalescas. Imediatamente me pus a pensar que a juventude nem deve saber o que é uma marchinha. Nos carnavais de pouco tempo atrás, tenho certeza que eles acharam que "Na boquinha da garrafa" era uma canção de amor. Hoje a marcha é outra, bem mais agressiva do que divertida, passando do sensual pra o sexual. Essa minha afirmação é bem superficial, afinal ainda não me debrucei no assunto que diz respeito ao desrespeito vindo de tantos palavrões que ouço, proferidos por meninas e meninos nas escolas. Pelas redes sociais verifico que quando eu escrevo Nas Escolas, é assim mesmo, só mudam os endereços. Muitos adolescentes e jovens se cumprimentam com palavrões e isso já é habitual. Ao vivenciar esse tipo de experiência me sinto cada vez mais à vontade em evidenciar a Boa educação. Como acho lindo o aluno e a aluna com educação re...

Trato

Adorei quando fui fazer um negócio na padaria. Eli é nossa amiga de muito tempo. Comprei seis pães franceses dos mais branquinhos e quando a moça pesou na minha frente, apareceu o valor: R$9,99. Coloquei-me na fila do pagamento e a Eli estava no caixa, porém fui atendido pela moça da esquerda. Quando saquei meu cartão - mais tentando fazer graça do que negociar - falei na direção da Eli: Quando o valor é nove e noventa e nove, é grátis? Não, é Dez! Ahahahahahahaha rimos muito. Amo esse grau de inteligência que é medido na rapidez da resposta e na excelência do bom humor. Também amo explicar de onde vem essa questão da gratuidade do nove e noventa e nove. Numa das quintas-feiras quando ia dar aulas em Campinas, aconteceu de eu ir almoçar no Primeiro Restaurante por quilo do Taquaral. Lá havia uma promoção que era a seguinte: Se você pesasse quinhentos gramas certinho, o seu almoço era grátis. Em doze anos de almoço no Taquaral apenas uma vez não paguei o almoço. Rio escrevendo. Essas du...

Pega Eduarda, pega!

Tenho pouca lida com situações de mães, ou pais impacientes com seus filhos pequenos, agindo na criação quase como uma obrigação. Enquanto tomava meu pingado sentado no balcão da pastelaria Chinesa, fui despertado por uma fala áspera e ruidosa: Fala o que você quer Caraio! Virei meu rosto para ver de quem se tratava. Imaginem uma menininha de uns seis anos, com trancinhas no cabelo, calça e botinha, calada pela mãe desesperada, repetindo duzentas vezes: Mas o que você quer menina? Entre as repetições, um murmúrio: Como dá trabalho criar essa criança. E a pequena só ali, apontando o dedinho para a carinha da raposa na embalagem das balinhas. A mãe comprou um saquinho de qualquer outra coisa e ordenou que a menina segurasse. Como eu já disse, muitas graças por eu ter pouco contato com esse tipo de cena e total ciência que é muito difícil criar bem qualquer criança. Lembrei de quando ia a pé da estação do Metrô e via inúmeros cartazes só com uma palavra escrita em estilo Art Nouveau cobri...

Aposentei-me

Aposentar-me. Ocorreu-me que o verbo aposentar é ficar no aposento. Meu aposento predileto é a sala de aula e essa sala fica dentro de uma escola. E é na escola que tenho meus amigos. Sempre é na escola que as pessoas pelas quais tenho carinho e afeto são dignos de nota. Minha nota para cada um de vocês é Dez. Uma mistura de competências e habilidades que formam um grupo, que nas divergências e nas convergências, as pessoas se confundem e se fundem umas às outras. O nosso aposento, que é a residência de trocas de Paciências, Inteligências e Encantamentos nos dá a chance de aularmos, de oferecermos aprendizado e ensino, inclusive pra nós mesmos. A rede Web, a Web rede, as redes sociais podem até nos conformar em estarmos próximos, mas a presença física é passível de energia elétrica transmissora de abraços quase telepáticos. Sempre vivi em ciclos anuais no ambiente da escola, sendo a minha vida por quarenta e um anos. Quem vive Arte e Educação é agraciado com a dinâmica da escola e é im...

Escolhas

Tenho certeza que você já ouviu ou leu a frase: A vida é feita de escolhas. Sobre isso penso em duas máximas que considero inquestionáveis, o Bem e o Mal. Duas coisas que não podem e nem seria possível relativizar. Nas relações humanas todos têm noção exata do que é o Bem e o que é o Mal. Pense aí em dois exemplos de uma coisa e de outra. Quando eu digo que a minha escolha é sempre feita a partir do que faria o outro mais feliz, significa que todas as minhas ações visam o bem estar do outro. É claro que nesse sentido não sou sempre feliz. Como uma pessoa que adora contar histórias a partir de fatos acontecidos, algumas vezes passo do ponto, acentuo algo que pode deixar o outro desconfortável. Nas minhas relações com os outros escolho sempre ser divertido, bem humorado e quase sempre otimista. Na maioria das vezes sou feliz e os outros também, mas como já escrevi antes, o humor pode ser ácido e colocar a persona citada numa situação de exposição exagerada. Reforço essa posição porque no...