Conectividade
Acho bonitas as conexões emocionais afetivas.
Hoje no café eu comentava sobre dois amigos de inteligência rara e meticulosos, ambos com alguma dificuldade social.
Claro, afinal essa inteligência sensível causa estranheza na maioria dispersa.
Fui ao casamento de um dos amigos, até fiquei sabendo do nascimento do primeiro filho dele e alguns meses depois fui visitar a família.
O outro caro amigo não é casado.
Hoje o menino é um adolescente que só não foi meu aluno na Escola Pública porque estudou na classe que eu não dei aulas no ano passado.
Presencialmente foi a última vez que vi meu amigo, sendo que nos cumprimentamos, cada um no seu automóvel, momentos depois de ele ter deixado o filho na Escola.
Hoje em São Paulo o transporte coletivo é gratuito e a causa é a eleição municipal.
Pensei que na ausência de segundo turno em Sorocaba eu pagaria a passagem.
Enganei-me.
Para Sorocaba também não paguei a passagem.
Enquanto descia a escada em direção ao embarque observei o recibo que me foi entregue.
Em dia normal, aqui na rodoviária, a passagem me custa quase cinquenta reais.
Hoje está estampado no bilhete: Trinta e seis reais e noventa e nove centavos.
Desconheço a lei da gratuidade em dia de eleição, mas alguém está pagando e esse alguém é nada mais nada menos do que nós mesmos, mas esse assunto complexo pode ser respondido daqui a pouco pela inteligência artificial.
Um vídeo da professora Anete Guimarães, cujo trabalho até aqui eu desconhecia, termina falando sobre o porquê científico da oscilação da nossa imunidade biológica.
Para tanto explica as novas pesquisas cerebrais, o papel físico dos neurônios, a química das sinapses e de que forma essas relações físico-químicas estão relacionadas com nosso poder de imunidade sobre os microorganismos.
Penso de forma poética e um tanto romântica, na conectividade elétrica emocional que tem algo a ver com a palestra e muito a ver com viver a vida, afinal existem pessoas pesquisando a vida cientificamente e eu aqui, vivendo artisticamente, me expressando praticamente o tempo todo.
Na vida, durante o café apareceu-me a dupla de amigos com a qual em vários domingos eu levava altas conversas filosóficas, além de práticas artísticas de desenho gráfico.
Os dois sabem muito sobre o assunto.
Especialmente um dos amigos que me manda mensagens de bom dia de vez em quando.
Outro dia ele estava trabalhando numa gráfica, mas o mais comum é ele fazer serviços em Home Office.
As mensagens acontecem esporadicamente e sempre são curtas, mas a presença sempre está garantida.
Hoje resolvi mandar uma mensagem para saber sobre o outro amigo.
Esse que nem rede social possui.
Nem celular ele possui.
Para minha surpresa, o amigo com o qual eu iniciei conversa me respondeu que está internado.
Logo perguntei onde ele está e o motivo da internação.
"Por desespero, eu acho, atentei contra a minha vida"
Ele me mandou a foto do documento da Clínica e os horários de visita.
Combinei que hoje mesmo estarei com ele por quinze minutos.
Esse é o horário estipulado no documento.
Antes de receber essa resposta eu havia entrado no banho e me veio uma canção que compus há tempo e acho bonita.
Estava esquecida.
A letra é toda descritiva, fala da observação que eu teria feito de uma moça deitada na cama, coberta com um cobertor vermelho estampado com linhas pretas.
Deitada nessa rede eu percebi que a estampa estava ali tão perto que o rosto ia tocar o cocar do mandarim.
As tintas já tinham o sonhar quando a rede deu o tom.
Notas de um Imperador apaixonado eram as tramas no tear.
Pra virar rede bastou um leve toque, pra virar estampa, um som.
Pra memória apreender a melodia foi preciso esquecer.
Lembrar que aquela que viveu colada à rede foi a história de Pequim e aquela que na rede está bem perto, é Você bordada em mim.
Ou seja, pessoas vivem a mim conectadas e além da ciência há a boniteza da comunicação extra-sensorial que eu nem faço ideia de como funciona, mas pra mim funciona mesmo nunca tendo visitado Pequim.
Talvez não seja um negócio da China, mas com certeza a mim tem um valor imensurável.
A expressão Do Nada para mim não existe.
Afinal Tudo ainda necessita ser explicado, mas cada centímetro de vida deve ser valorizado.
Por que centímetro?
Porque tudo é uma questão de tempo
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