Vídeo Game

Os dedos ágeis do menino aqui ao lado agilizaram minha vontade de escrever.

Direita, esquerda, para cima e para baixo e os dedos percorrem a tela pequena do celular.
Lembrei do episódio do CSI onde o sujeito descobre a senha do celular do moço com o corpo estendido no chão, através da gordura do seu dedo escorregadio impressa na tela.
O personagem do jogo do menino, salta para tentar alcançar de cabeça a bola vinda do lateral direito.
Já o meu jogo não tem personagem, tem balas e doces que, de três em três, dão espaço para os outros doces que vêm da parte de cima do tabuleiro.
Ele tem que acertar o gol e eu tenho que destruir gelatinas.
Falando em destruir gelatinas, a minha hérnia de disco, mais o nervo pinçado não me dão mais tantos problemas.
Problema mesmo, nessa última fase, é destruir as bombas que começam a aparecer já piscando no número três.
Haja brigadeiros e listrados justapostos a envelopinhos de balas para concorrer com essas bombas ligeiras.
Enfim, ao meu lado o moço já desistiu dos lances e dorme a sono solto.
Eu não.
Desisti também do meu joguinho, mas permaneço motivado pelo pensamento antigo de destruir os Chefões.
Hoje acordei pensando que gosto bastante dos comediantes que fazem caretas.
Jerry Lewis, Jim Carrey e Agildo Ribeiro, por exemplo.
O Jim inclusive protagoniza o filme game e faz o Chefão Robotinic.
Acho que sonhei que estava dentro de um Game e minha missão era rir com esses artistas até cair da cama.
Desta vez não caí não, mas para eu ter me lembrado e acordado com um sorriso no rosto, penso que deve ter sido algo assim.
Na cozinha salto até as portas do armário, abro, pego as canecas e ponho sobre os círculos verdes de esteirinha.
Um movimento para a direita e abro a gaveta de talheres, pego a faquinha de cerra e as colherinhas de café, harmonizando com as canecas.
Mais um salto e estou na frente do fogão apertando o botão de acendimento elétrico até aparecer a chama da boca da esquerda.
Sobre a grelha, num movimento rápido à direita, coloco a leiteirinha com água para esquentar.
Peço para a Alexa tocar Casa das máquinas.
Enquanto ouço, me lembro de como começaria o meu livro em papel, jamais escrito:
Venha pela entrada das máquinas!
Que bela máquina a nossa Máquina humana.
Nesse amplo território que chamamos de mundo vamos trilhando nossa vida sem controle.
Essa foi uma frase um tanto quanto catastrófica, mas cheia de significado.
Uma Vida sem controle, seja ele o nosso próprio, ou o remoto.
Impressiona-me o controle dos controladores de Drones, ao fazerem aquelas tomadas de cena estáticas, ou aquelas rasantes, ou até aquelas que percorrem as cidades mostrando as construções e os parques.
Joystick é um nome bonito para controle.
Volto a deslizar os dedos sobre a tela na busca feita através do nosso oráculo tradutor e encontro, JOY : Alegria e STICK : Grudar.
Na minha mente/game não poderia haver tradução melhor: Joystick: Grudar na alegria.
Mais empolgado ainda me encontro agora, já que Grudar na alegria chega a ser minha habilidade e minha competência.
Mais um salto nesse jogo para pegar um prêmio no alto e alcanço a ideia que, mesmo com habilidade e competência para a alegria, não é sempre que escapo do game over.
Porém, o sacudir a poeira e dar a volta por cima também me apressa o verso.
Outra coisa que me anima é o cara e coroa.
O verso de todas as fases.
O ir coletando energia durante o jogo para que eu possa ir até o final e vencer o Chefão.
Isso significa que posso mudar de jogo, posso olhar para novos desafios, mesmo que semelhantes aos que enfrentei anteriormente.
Apareceu na Educação uma nova metodologia chamada Gameficação, que nada mais é do que propor um ensino através de jogos.
Claro que corremos o risco de propomos jogos bem menos atraentes do que aqueles que nossos alunos têm em seus celulares, ou consoles, mas é o risco do jogo.
Risco que não tenho na minha tela do celular, afinal a película cerâmica que comprei na loja da Princesa é protetora e resistente.
Quando criança o garoto gostava de um efeito fantástico do Game: Mortal Combate.
O Raduque.
Coloquei em português como uma onomatopeia: Raduque.
Era energia pura.
Nesse momento, ou nessa fase, vejo o meu ônibus como aquele carrinho que representa o motorista no Uber que vai chegar
A tecnologia é GPS, Global Position Sistem, Sistema de Posição Global.
Onde estou eu Nesse Mundo?
Minha posição é clara.
Engloba o meu sistema nervoso.
A luz vinda do celular é intensa e vai deixando o cérebro exausto.
O córtex cerebral para não entrar em colapso dá uma desligada.
Muita Luz pode manchar a visão.
O jogo deve ser o equilíbrio.
Um dos discos mais bonitos que já ouvi é o Equilíbrio distante, onde o Renato canta em italiano.
GPS.
Passado, presente e futuro.
Nossa posição é Ágora

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