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Mostrando postagens de janeiro, 2025

Descritivo

Acho que não me falha a memória quando eu penso que ainda não escrevi sobre os restos de papéis coloridos que vou guardando num saco plástico transparente. Há tempos comprei um daqueles blocos de papéis coloridos, os quais são coloridos dos dois lados. Digo isso porque existem os que têm cor apenas de um lado e outros feitos com recicláveis. Esse bloco específico tem cores foscas dos dois lados. No saco plástico também guardo, além dos restos de papéis colotidos, papéis sulfite, recortados em pedaços de todas as formas e tamanhos. Qual a serventia desse bloco de papéis coloridos e do saco plástico transparente? Em todos os aniversários de amigos queridos, eu ponho a máquina humana pra funcionar. Imagine uma folha desse bloco dobrada ao meio com a dobra na vertical. Do lado dobrado faço dois cortes em noventa graus com a tesoura, distantes um centímetro e meio um do outro e o comprimento dos cortes não podendo ultrapassar a metade da meia folha. Os dois cortes são centralizados. Abro a ...

Anéis de Saturno

Eu tenho na sala uma mesa onde apoio o notebook. Artefato feito pelo incrível Cesar, pai da Ju. A mesinha é feita com quatro retângulos e quando fechada fica plana, fácil para ser carregada. Arte por excelência. Sobre a mesa, além do computador tenho uma série de coisinhas que vão além do mouse pad, estampado com o disitintivo do Nosso Querido Palmeiras. Já estava sentado tomando meu café quando olhei pra trás e vi a minha caneca dos tempos do Centro Cultural Banco do Brasil, cheia com canetas. Sei que apenas uma delas funciona. Desta vez resolvi despejar o conteúdo todo sobre a mesa do café, mas tive o cuidado de protegê-la com uma toalha de papel. Vai que saia cobras e lagartos da dita caneca. Meu Deus! Só não saíram cobras e lagartos. Clipes, duas pilhas palito, uma conta esférica de pulseira, um redutor de chuveiro, uma borracha protetora de alguma coisa, um mini alfinete de fralda, uma moeda de cinco centavos, duas tesourinhas e doze canetas. Uso uma sacolinha de supermercado pres...

Sem molde

Pense num motorista de ônibus ranzinza. Gosto da palavra ranzinza. Logo entro no busão e vou dizendo: Que bom que aqui dentro está fresquinho, porque lá fora está um calorão. E ele responde: GRRRRR Desce uma senhora que estava sentada no banco da frente e eu ocupo o lugar. O ranzinza fecha mais a cortininha. Do outro lado, ainda na frente, um casal de velhinhos como eu está um pouco impaciente. Descobri o motivo quando estávamos no meio da Faria Lima. Eles queriam descer num ponto antes da Rebouças. Sei porque a senhora perguntou ao motorista: O senhor para no ponto antes da Rebouças? Ele nem respondeu. Fiquei de olho e disse a eles: Tenho quase certeza que é daqui a dois pontos, mas dá uma outra perguntada ao motorista. Ela suavemente fez a pergunta e ele respondeu: GRRRRRR De forma incisiva eu falei: Podem descer no próximo. Eles desceram e eu segui, certo de que o ônibus Terminal Pinheiros ia fazer a voltinha na praça e estacionar quase na porta do Metrô. Qual nada. Seguiu em frente...

Um calor do cão

Imagine eu, de motorista no meu carrão, voltando da consulta com o doutor Hugo e caminhando pela avenida marginal. Ao sair do local onde estacionei meu carro preto, percebi no vidro do para-brisa algumas gotas d'água e pensei: O doutor é tão atencioso e minucioso que enquanto estávamos na consulta choveu e nem percebemos. É uma Pessoa das antigas, o doutor. Um Mestre que apalpa o barrigão para ver o tamanho e o funcionamento dos órgãos internos. Elogiou a pulsação da minha haorta. No final ele acabou por elogiar tudo, porque estou bem e como ele fez as apalpações comigo deitado, ele não percebeu a enorme barriga de farináceos. Explico, que deitado, por gravidade, as coisas se espalham para as laterais. Enfim. A maior gravidade mesmo é que o meu outro doutor só acredita que eu vá fazer exercícios na academia quando eu mostrar o certificado de matrícula. Estou empenhado em fazer mesmo, afinal só depois de comer quatro chocotones e seis tabletes de Talento verde, é que nunca mais colo...

Desrrodoviária

Ao invés de estar sentado numa das poltronas do Cometa, estou deitadão no sofá da sala. Barrigão pra cima e os dedões na tela desse aparelho celular. Tele móvel, diria minha filha, também com a telinha na mão, passeando pelas ruas de Lisboa. Adoro adjetivos pátrios, tais como Lisboeta, Soteropolitano e na minha modesta opinião, o mais lindo de todos: Guatemalteca. Como se deve imaginar, eu adoro as palavras e suas várias possibilidades de articulações e interações. Hoje não se fala de outra coisa que não seja a premiação da Fernanda. Voltei a assistir uma pequena entrevista da atriz Glen Close onde ela responde a uma pergunta sobre como ela se sentia quando era indicada a um prêmio, mas não ganhava. Ela pensa como eu. Como escolher entre tantas e diversas interpretações? E para encerrar ela emendou: Como explicar aquela atriz brasileira espetacular não ganhar o Oscar de melhor atriz com o filme Central do Brasil? Considero que mais do que o prêmio, o mais importante e oportuno são os d...

Retorno sem acasos

Parece um outro mundo novo. No ano passado deixei os encontros nas salas de aula andando por ensinos e aprendizados, almoços no restaurante da escola, cafés da manhã na mesa redonda da sala e outras atividades rotineiras. Rotina passada. Um ano novo de mercadinho, almoços em casa e outros restaurantes, manteiga, requeijão, tomates, batatas, presentes, panetones e chocotones. Um novo de outro elevador, outro tapete interno e outros botões para abrir e fechar as duas portas de acesso ao prédio. Ainda no velho, depois do terceiro chocotone, não pus nenhum chocolate na boca. Sem qualquer doce desde então. Esse então foi o resultado do exame glicêmico que não acusou diabetes, mas sinalizou para a Pré. Ontem realizei minha estratégia. Fui em jejum até a farmácia onde costumamos comprar os remédios mensais e fiz o exame de glicemia. Resultado, Noventa. Sensacional. Fiz esse exame de tanto medo que o doutor me desse uma sonora bronca amanhã, na consulta de rotina. Com certeza o que me falta sã...