Desrrodoviária
Ao invés de estar sentado numa das poltronas do Cometa, estou deitadão no sofá da sala.
Barrigão pra cima e os dedões na tela desse aparelho celular.
Tele móvel, diria minha filha, também com a telinha na mão, passeando pelas ruas de Lisboa.
Adoro adjetivos pátrios, tais como Lisboeta, Soteropolitano e na minha modesta opinião, o mais lindo de todos: Guatemalteca.
Como se deve imaginar, eu adoro as palavras e suas várias possibilidades de articulações e interações.
Hoje não se fala de outra coisa que não seja a premiação da Fernanda.
Voltei a assistir uma pequena entrevista da atriz Glen Close onde ela responde a uma pergunta sobre como ela se sentia quando era indicada a um prêmio, mas não ganhava.
Ela pensa como eu.
Como escolher entre tantas e diversas interpretações?
E para encerrar ela emendou: Como explicar aquela atriz brasileira espetacular não ganhar o Oscar de melhor atriz com o filme Central do Brasil?
Considero que mais do que o prêmio, o mais importante e oportuno são os discursos e as entrevistas da Fernanda e do Selton, falando que o mundo precisa muito conhecer a Cultura Brasileira.
Muitas vezes nem nós mesmos, os brasileiros, conhecemos a diversidade da nossa Cultura.
Falando bem superficialmente, que é a minha especialidade, as cabeças velhas, são as que mais se interessam pela investigação das entrelinhas das interpretações da nossa realidade.
Repare que as cabeças velhas estão em pessoas de todas as idades e atravessam gerações.
Essas cabeças vêm com a curiosidade como essência.
Num comentário numa rede social, escrevi rapidamente sobre isso e logo me vem à mente a possibilidade de estar sendo arrogante, porém não é assim que considero a minha fala, ou escrita.
Imagino que deve ser horrível ter a vida regrada pela média, ser mediano, ser medíocre, na feia interação etimológica dos verbetes.
É simplesmente o fato de achar horrível viver dessa forma, que me expresso veementemente com a certeza de preferir viver com curiosidade e atenção, tendo a cabeça velha.
No meu caso, é literal.
Repare que todos são livres para pensar e viver da forma que acharem mais interessante.
Repito que a minha preferência é apenas uma referência própria.
Um gosto meu.
Ao assistir o filme: Ainda estou aqui, a totalidade da equipe de produção, a direção, os atores e atrizes, estão totalmente relacionados com a curiosidade e a atenção às entrelinhas.
Fato que dá apoio a todo o processo criativo e criador.
Todos têm a cabeça velha.
Na sabedoria indígena o ancião é aquele que a partir da experiência da aldeia, vai repassando os saberes para os outros habitantes da tribo.
Estou falando dessa inteligência que hoje se espalha, como já escrevi, por jovens, adultos e velhos, aqueles ditos cabeças velhas.
Novamente é uma questão estética, afinal eu acho belíssimo tudo isso.
Tudo acima da média é lindo.
Tudo que necessita ser descoberto, será.
Quando tudo é cercado pelo dinheiro, pela mercadoria e pela ganância, a engrenagem amassa e tritura tudo e todos.
É preciso que algo seja bonito pé que enfrente essa feiura horripilante.
Num instante o Ferreira escreveu que a Arte existe porque a vida não basta.
Basta de tanto terror.
O Globo de Ouro vai para todos que têm o poder de transformar os espelhos da rainha má
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