Descritivo
Acho que não me falha a memória quando eu penso que ainda não escrevi sobre os restos de papéis coloridos que vou guardando num saco plástico transparente.
Há tempos comprei um daqueles blocos de papéis coloridos, os quais são coloridos dos dois lados.
Digo isso porque existem os que têm cor apenas de um lado e outros feitos com recicláveis.
Esse bloco específico tem cores foscas dos dois lados.
No saco plástico também guardo, além dos restos de papéis colotidos, papéis sulfite, recortados em pedaços de todas as formas e tamanhos.
Qual a serventia desse bloco de papéis coloridos e do saco plástico transparente?
Em todos os aniversários de amigos queridos, eu ponho a máquina humana pra funcionar.
Imagine uma folha desse bloco dobrada ao meio com a dobra na vertical.
Do lado dobrado faço dois cortes em noventa graus com a tesoura, distantes um centímetro e meio um do outro e o comprimento dos cortes não podendo ultrapassar a metade da meia folha.
Os dois cortes são centralizados.
Abro a folha, e puxo a tira retangular que se formou com os dois cortes, de forma que fique um volume retangular em L.
Essa tira em volume salta do papel na parte interna, mas ainda permanecendo preso à folha.
Essa é a base de um Cartão 3D.
Tridimensional.
Sobre esse volume é que eu colo a letra inicial do nome do aniversariante.
Quando o cartão está fechado ele fica plano e quando abrimos, a letra Salta para a frente.
Você deve estar pensando como o aniversariante vai receber um cartão com um buraco na capa por conta dos cortes e do volume da tira retangular?
É fácil.
Precisamos de mais uma folha dobrada ao meio da mesma forma, porém sem os cortes.
Essa folha sem corte, depois de colada na folha dobrada anterior será a Capa e a Contracapa do Cartão.
Claro que não tenho a pretensão que você entenda totalmente esse passo a passo para que você possa fazer um Cartão 3D para que você quiser presentear.
Fiz a descrição para que você pudesse fazer essa viagem comigo e compreender o que faço com os restos de papéis coloridos depositados no saco.
Depois das duas folhas coladas, começo a recortar a letra inicial do nome.
Faço tudo com a tesoura, usando uma cor diferente da parte interna do cartão.
Uso o primeiro papel que encontro entre os tantos que tenho no saco plástico.
Imagine a Capa Verde, a parte interna vermelha e o pedaço de papel azul.
Recorto o resto azul na forma da Letra e sobre ele vou colando tiras mais estreitas com restos de papel de outras cores.
Depois da letra composta eu colo no volume retangular que está saltado na parte interna.
Você já consegue ver a letra colada e ver que o fundo está todo liso com a cor inicial do papel.
É sobre esse fundo que vou colando muitas formas recortadas dos papéis de múltiplas cores que eu vou tirando do saco plástico transparente.
Para concluir o cartão só falta compor da mesma forma a Capa e a Contracapa.
Da mesma forma que a parte interna, vou colando formas recortadas sobre o fundo liso da cor original.
Quis apresentar nesse texto que você, a partir de uma base quase igual pra todo mundo, pode inventar à sua maneira muitos resultados distintos.
Essa premissa me parece muito com todo o processo vital que enfrentamos no nosso cotidiano.
A base é a mesma, somos como papéis de múltiplas cores, todos nós com alguma deficiência, umas mais profundas e visíveis, outras mais internas, muitas vezes igualmente profundas.
Cabe a nós inventarmos e reinventarmos sobre a nossa base.
Muitas vezes temos menos ferramentas, menos materiais do que nos é necessário e é aí que a nossa inventividade passa a ser colocada à prova.
Ferozmente, esse nosso mundo onde o capital dá o tom maior, incapacita muitos de viverem inventando e não lhes é dado nem o direito de terem um saco plástico com restos de alguma coisa.
Ferreira Gullar nos disse que a Arte existe porque a vida não basta.
A vida que todo dia se apresenta para todos não dá conta de ser apenas comer, beber e dormir.
Hoje alguém faz aniversário
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