Anéis de Saturno
Eu tenho na sala uma mesa onde apoio o notebook.
Artefato feito pelo incrível Cesar, pai da Ju.
A mesinha é feita com quatro retângulos e quando fechada fica plana, fácil para ser carregada.
Arte por excelência.
Sobre a mesa, além do computador tenho uma série de coisinhas que vão além do mouse pad, estampado com o disitintivo do Nosso Querido Palmeiras.
Já estava sentado tomando meu café quando olhei pra trás e vi a minha caneca dos tempos do Centro Cultural Banco do Brasil, cheia com canetas.
Sei que apenas uma delas funciona.
Desta vez resolvi despejar o conteúdo todo sobre a mesa do café, mas tive o cuidado de protegê-la com uma toalha de papel.
Vai que saia cobras e lagartos da dita caneca.
Meu Deus!
Só não saíram cobras e lagartos.
Clipes, duas pilhas palito, uma conta esférica de pulseira, um redutor de chuveiro, uma borracha protetora de alguma coisa, um mini alfinete de fralda, uma moeda de cinco centavos, duas tesourinhas e doze canetas.
Uso uma sacolinha de supermercado presa na maçaneta da porta da cozinha pra jogar o lixão pseudo reciclável.
Fui até ele e a primeira caneta que joguei, notei que a tampa era verde mas a carga era preta.
Adoro caneta esferográfica preta.
Testei e essa funciona.
Testei cada uma no papel toalha e descobri aquela outra que funciona.
Agora, além dela, a esferográfica também voltou pra caneca.
Você deve estar se perguntando por que tanta caneta na caneca?
São aquelas que a gente ganha de empresas e eu guardo.
Enfim, joguei todas as imprestáveis, o protetor de borracha, o redutor e pronto.
Pensei que pudesse voltar as duas pra caneca temática.
Tenho sobre a mesa um mini pote que ganhei de um aniversário e que de acordo com o tema da festa, era um guardador de poções mágicas.
Ali depositei os clipes, o alfinete e a conta esférica.
Vai que, um dia, a mistura se vire em poção mágica.
Antes de colocar as coisas de volta na caneca percebi que o fundo dela estava imundo.
Fui à cozinha peguei a minha super bucha do lado verde e foi até difícil de tirar as quatro manchas pretas do fundo.
E o mais incrível é que pensei que pudesse ser o ácido das pilhas palitos que estivesse vazado.
Fui me certificar e as pilhas estão externamente em estado perfeito.
Sei que perderam a carga, mas mesmo assim as guardei na gaveta do quarto.
Enfim, com muito esfrega-esfrega a caneca ficou limpíssima.
Esqueci de propósito de mencionar a principal artesania que encontrei no fundo da caneca antes da limpeza.
Um anel de papel que fiz há tempos.
Um anel simples, mas bonitinho.
Ele está sem o esmalte transparente que passo para dar um brilho e também uma protegida da infiltração de água.
Deixei para o final a menção do anel porque ele me remete à possibilidade de fazer mais e inventar mais coisas além dos anéis.
Veja que enquanto escrevo ele está residindo no meu dedo mindinho da mão direita.
Aquela com a qual eu desenho.
Juro pra você que fui ao oráculo google para pesquisar: Mindinho.
E eu estava certo, é mindinho, mesmo, achando estranhíssimo escrever Mindinho.
Quando eu era criança eu dizia minguinho.
Tenho um amigo que é Mingo, mas o apelido vem de Domingos.
Nome que por sinal, se eu fosse astrólogo, ou numerólogo, sempre achei maravilhoso.
Domingos, uma pessoa que adora o silêncio, a tranquilidade mesmo sendo sociável, gosta de receber os amigos em casa, etc, etc, etc.
Isso me levou automaticamente ao dia que estava em aula, lá em Campinas, numa atual sala de nono ano e uma aluna, do nada, me perguntou:
Betu, qual o significado do meu nome?
Eu respondi sem pestanejar:
Fernanda, uma pessoa forte que gosta muito de viajar, fazer longas caminhadas e não se cansa facilmente.
Ela ficou espantada, intronizando que era assim que ela era.
Em segundos a classe toda quis que eu decifrasse o significado do nome de cada um.
Até que na última fila perto da parede estava a sentado um aluno muuuuito estudioso que me perguntou:
Betu, onde você estudou tudo isso?
Eu disse a ele:
Querido, estudei nada, quando a Fer me perguntou, eu pensei:
Fer Nanda, Ferro, forte, rígido, Nanda, anda, caminha.
Ri à toa e ele também, mas mesmo ele assim quis saber o significado do nome dele.
Não vou mencionar porque esqueci, infelizmente.
Acho que era Nelson.
Agora é você que inventa o significado.
Sem me esquecer das tesourinhas na caneca, a mais maravilhosa e que funciona e a que tem o cabo cor de roda e é a que a dona Anna cortava o saquinho de açúcar, por exemplo.
Aprendi e continua tendo serventia.
A estampa da caneca é uma imagem do Kandinsky, o pai do expressionismo abstrato.
Será que ele gostava de limpar tudo com perfeição, alvejando mesmo e de vez em quando bebia um wiskinho?
O que importa mesmo é importarmos tudo o que há de útil a ser compartilhado, assim como me foi compartilhada a mesa que uso para o meu trabalho.
Ave César!
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