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Mostrando postagens de dezembro, 2024

Interpretações

Essa é só mais uma daquelas canções de amor que fala da beleza que há na dor de apaixonar os olhos seja como for. Essa é só mais uma daquelas canções de amor e eu a colo ao peito pra te encantar depois. Juntos uns verbos novos à ferida fazendo da beleza uma senhora. Até que enfim, o terno ao ser vestido, mostre que essa é muito mais do que uma canção de amor". Essa é a letra de uma canção que compus faz um tempo. "Agora nasce a tentativa de interpretar as minhas próprias palavras: Essa é só mais uma daquelas canções de amor tem a ver com a admiração por Lulu Santos, sendo que ele escreveu a canção: Só mais uma de amor. Também tem a ver com o início de um projeto que chamei de Pequenas canções. Canções cuja melodia dura apenas o tempo da letra. A letra continua dizendo que além de ser só mais uma daquelas canções de amor, ela fala da beleza que há na dor de apaixonar os olhos seja como for. Apaixono-me pela beleza muitas vezes me pegando de passagem, de relance. Não é uma dor ...

Chamado

Chamei um Uber. Eu já sabia qual era a cor do veículo, a placa e o nome do motorista. Já o tinha avistado, andando bem devagarinho pela direita. Estava quase colado ao meio fio. Não havia nenhum carro vindo no sentido contrário. Ah...mas o motorista de um caminhãozinho de carga que estava atrás dele, passou nervoso e jogou o veículo em cima. Passou raspando, claro. Fiz questão de olhar bem para o motorista e vi que era um menino rachando o bico de dar risada em contato direto com o seu copiloto, outro menino. Entrei no carro do uberista. Da casa até a rodoviária o papo foi sobre a situação dos motoristas no trânsito, seja qual trânsito que for. Outro dia saí pelo bairro em São Paulo para comprar alguma coisa no mercadinho. Foi só eu sair do prédio e as buzinas já estavam enlouquecidas. As dos carros e as das motos. Desculpe. Quero me desculpar com as buzinas. Elas não têm nada a ver com tudo isso. São as pessoas e suas mãos doidas que são responsáveis, pela bagunça barulhenta e irrespo...

A cabeça celular

Eu ia começar escrevendo sobre o meu celular. Aquele que eu nunca guardo no bolso de trás das calças. E não é que ao entrar no trem do metrô, dou de cara com uma moça fazendo a própria maquiagem? Escrevo, não porque isso é uma coisa non sense, mas porque quando eu estava no trem, chegando em São Paulo, uma moça muito parecida com essa, passou a viagem inteira se maquinando. Coisa de profissa. Dois estojos gigantes com mil e um produtos de beleza entre pós,  cremes, lápis e outros tantos. A parte mais lúdica aconteceu quando ela retirou a caixa circular de pó de arroz. Rio aos montes porque nem sei se aquilo ainda se chama Pó de arroz. Enfim, no momento em que ela abriu o potinho circular, o pó voou pelos quatro cantos do vagão. Eu estava em pé e senti a baforada, já os passageiros que estavam sentados perto dela mexeram as sobrancelhas em todos os sentidos possíveis e ela desesperadamente abanava o pó com as duas mãos. Escrevi a palavra desesperadamente, mas qual nada, eu nunca vi ...

Porque eu desenho olhos

Esqueci de trazer para Sorocaba as minhas calças de formatura. Eu tenho duas, uma bordô e outra azul marinho. Chamo-as de calças de formatura, mas podem ser também para outras ocasiões que requerem mais requinte, sofisticação, apesar de fazer centenas de anos que as tenho. Sou mais pelo despojamento, pela simplicidade de uma calça jeans, uma camiseta e um par de tênis. Por sinal adoro ver nas ruas vários senhores trajando esse arranjo de vestimentas, fruto dos anos setenta. O fato é que esqueci as referidas duas calças em São Paulo. Inclusive esqueci a minha jeans azul clara com poucos desenhos na parte superior, perto da cintura. Nesse desenho estão alguns olhos estampados em vários sentidos, acompanhados por alguns grafismos que escolhi ao longo da minha vida de sessenta e cinco anos. Enfim, sobrou apenas a calça que está aqui em Sorocaba e é mais uma calça jeans. Essa é da Hering. Ganhei do cunhado que ao experimentá-la, depois de mandar fazer a barra, notou que ficou muito curta. E...

Sondagens

Hoje é um dia diferente na rodoviária. Há uma fila imensa no guichê de passagens que me fez refletir sobre o início do mês de dezembro. Festas, férias, comemorações e confraternizações. Ao ver a fila tão grande tive a ideia de comprar as duas passagens no guichê especial da Catarinense. Já sabia que ali a fila é sempre pequena, mas o tempo de espera é de cento e vinte e três horas, afinal é lugar para idosos como eu, mas diferente de mim as pessoas vão comprar passagens para a Nova Zelândia daqui há três meses, no mínimo e ainda onde eu escrevi Comprar, leia-se Ganhar as passagens preferenciais. Fui surpreendido ali mesmo pela existência de um pequeno espaço com telas de computadores de compra automática de passagens. Já tenho essa experiência na rodoviária de Sorocaba e pensei: Agora eu, como o The Flash, comprarei as nossas passagens voando. Chegamos no local às nove e cinquenta. Agilizei meus dedos na tela do computador para comprar duas passagens no ônibus das dez. Qual nada. Não t...

Faz de conta?

Faz de conta que eu estou no metrô indo para a rodoviária. Não estou, mas você sabe o que significa aquela vontade que dá de escrever por linhas tortas aquilo que me parece certo. É como se estivesse indo para a rodoviária, afinal no domingo passado estava escrevendo sobre uns painéis que encontrei dentro das estações e o texto andava ligeiro. Comprei a passagem para um ônibus que já estava quase partindo. Desci correndo. Com o texto celular na mão me sentei na poltrona do corredor e logo um moço de cinquenta e três anos pediu licença para sentar-se à janela. Eu sempre coloco o cinto antes da pessoa dona da cadeira ao lado pedir assento. Isso prejudica a passagem do outro, mas sempre cometo esse erro, tendo que me retorcer todo para o outro conseguir passar. O fato de eu já ter escrito que ele tem cinquenta e três anos já denota que ficamos conversando a viagem inteira, conectando ideias às ações cotidianas. E o texto ali, na minha mão e no aplicativo do celular. O moço é técnico em el...

Imagens

Acordei fora da rodoviária. Choveu a noite inteira e desta vez tenho certeza que a água sobre o carro no estacionamento é a da chuva. Gosto do sereno sobre a cor preta do automóvel. Tenho mais uma certeza. Há um pequeno vazamento numa das borrachas protetoras do porta malas porque depois da chuva sempre sobra um cheirinho característico da evaporação da água no tapete. Eu sou do tipo que vai deixando pra depois reparar esses pequenos defeitos. Tenho melhorado, mas não é apenas desculpa o fato de ter muitas aulas durante os dias. Isso realmente não me deixa muito tempo para levar o carro para o conserto. Sei que a primeira coisa que passou pela sua cabeça foi a relação entre os verbetes, conserto e concerto. Outra relação que veio à tona foi a que existe entre acento e assento. Acentuo que tento consertar essa angústia arranjando um assento para assistir ao concerto. No curto espaço que há entre o travesseiro e a nossa cabeça é o início da letra de uma canção que compus juntando as peça...

Frase

Apresento a frase: O nosso Pai sempre tem um Plano! Com certeza é uma frase  misteriosa. Penso no verso: Deixo a vida me levar, vida leva eu, como um paradoxo desse Plano, afinal sobre ela não para nenhum mistério. Mistério é algo que por ora desconhecemos, porém acho bonito ir buscando algumas respostas para ele nas expressões artísticas. Outra oração nos diz que devemos entregar tudo nas mãos do Pai. Eu sempre brinquei que o nosso Pai já tem muito trabalho pra cuidar da gente, mas ultimamente tem feito ainda mais sentido. Em alguns filmes e novelas os roteiristas colocam o anjo bom dizendo que sempre estamos sendo testados pelo Pai. Achei bacana introduzir no texto o anjo bom, já que dizem que o anjo mal também existe, na relatividade desse conceito. Depois de fazer essas colocações me deparo com aquilo que todos nós trazemos dentro. O Bem e o Mal. Uma questão tantas vezes levantada, estudada, destrinchada e que eu considero demasiadamente simples. Aparece na minha cabeça a frase...