Chamado
Chamei um Uber.
Eu já sabia qual era a cor do veículo, a placa e o nome do motorista.
Já o tinha avistado, andando bem devagarinho pela direita.
Estava quase colado ao meio fio.
Não havia nenhum carro vindo no sentido contrário.
Ah...mas o motorista de um caminhãozinho de carga que estava atrás dele, passou nervoso e jogou o veículo em cima.
Passou raspando, claro.
Fiz questão de olhar bem para o motorista e vi que era um menino rachando o bico de dar risada em contato direto com o seu copiloto, outro menino.
Entrei no carro do uberista.
Da casa até a rodoviária o papo foi sobre a situação dos motoristas no trânsito, seja qual trânsito que for.
Outro dia saí pelo bairro em São Paulo para comprar alguma coisa no mercadinho.
Foi só eu sair do prédio e as buzinas já estavam enlouquecidas.
As dos carros e as das motos.
Desculpe.
Quero me desculpar com as buzinas.
Elas não têm nada a ver com tudo isso.
São as pessoas e suas mãos doidas que são responsáveis, pela bagunça barulhenta e irresponsável.
Nesse caso específico é uma esquina com semáforo.
As pessoas seguem em frente ou dobram à direita, simples assim, ou não.
Sempre há os que querem tirar alguma vantagem e esses são os que mais buzinam e vivem acelerando, mesmo parados em cima das faixas de pedestres, por exemplo.
Veja que o assunto é delicado, mas cheio de necessidade de ser discutido, ou pelo menos, apresentado.
No finalzinho da minha viagem até a rodoviária, mudei um pouco o rumo da prosa, já que ela só versava sobre essas pessoas no trânsito.
Fiz uma afirmação questionadora: Imagine esse menino em casa?
Perece-me impossível que alguém que joga o veículo em cima do outro apenas porque esse está com velocidade reduzida, não tenha uma atitude agressiva quando algo não for do seu agrado em casa.
E veja que eu tenho como uma das minhas características não gostar de ser contrariado.
Porém aprendi desde cedo que ser contrariado é inevitável, afinal não acertamos sempre.
Dizem que é coisa de taurino, mas eu não entendo nada sobre signos do zodíaco.
Eu adorava Os cavaleiros do Zodíaco em busca da armadura de ouro, o que também é estranho, porque não me interesso muito pelo ouro, dinheiro e essas coisas parecidas.
Porém não é tão estranho como o enlouquecimento das pessoas jovens, de meia idade, ou de idade inteira.
Para quem vive observando, tudo isso é bem desafiador.
Como é desafiadora a tarefa de me fiscalizar sobre o quanto eu participo dessa loucura.
Aí entra em minha defesa o fato de me considerar um E.T. nesse mundão.
E não sou apenas eu.
Várias pessoas se consideram e outras tantas realmente me consideram um E.T.
Adoro o verso do Caetano quando ele escreve: De perto ninguém é normal.
Será que estamos normalizando a agressividade?
Essa agressividade banalizada dos palavrões?
Faz tempo que tenho presenciado a juventude se cumprimentar socialmente com palavrões.
Sigo a norma do aparentemente óbvio caminho do Bem, sendo que esse caminho requer afetividade, num amor que se doa e não pede nada em troca.
Novamente afirmo que faço assim porque acho bonito.
Pra mim é uma questão que vai além da ética, é estética.
A coisa está tão louca faz tempo, que até em Arte existe a estética do feio.
Dentro dela, a Arte Conceitual, que se denomina a Arte da ideia.
Como exemplo posso citar o artista que escreveu em cartório que havia feito uma escultura invisível e ela estava sobre um pedestal em frente a um Museu Famoso na França.
O pedestal existe.
Eu demorei um tanto para saber o que significava todo mundo estar falando: Que Show da Xuxa é esse?
Agora que sei e tanto faz, pergunto: Que Estética da Arte é essa?
Um moço muito sensível e inteligente me mostrou que em Arte também tem a história da lavagem de dinheiro.
O cara diz que tem uma escultura e pronto.
Custa tanto.
Precisa Buzinar desse jeito, Bicho?
Saiba que tenho amigos que até hoje usam a gíria Bicho.
Impressionante como eu jamais consegui usar e agora ouço a minha neta usar: Cara.
Outro dia ela disse:
Isso tá torto, Cara!
Será que o trânsito está torto?
Em transe?
Essa é das minhas.
Acho que foi de tanto buzinar na orelha dela
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