Postagens

Mostrando postagens de março, 2025

Outro dia, Sempre

Faz algum tempo escrevi que quando olhei para a minha mão segurando a barra metálica do trem do metrô, eu vi a mão do meu pai. Ontem no Story do Instagram postei uma foto com a minha mãe. Nossa Mãe, nossas Mãos. Nossos Pais, nossas Pazes. Um dos versos que sempre me vem à cabeça quando estou um pouco cansado nos corredores das escolas é: Segura na mão de Deus e vai. Claro que declamo o verso com a melodia. Canto alto e muitas crianças acompanham, o que de alguma forma enche a coisa de graça. Eu sou cheio de achar pessoas parecidas e agora a pouco vi um moço que era a cara do Chanes. Tentei achar uma foto do artista no Instagram, mas o sinal não colaborou. Eu ia mostrar a foto pro moço, mas ele saltou na próxima estação. Ontem na série argentina, Cilada, a protagonista é a Claudia Iara escrita. Outra artista e Mestra, a Claudia Iara. Não há como uma pessoa ser idêntica a outra, mesmo gêmeos passam por situações que se diferem demasiadamente. Esses traumas - situações boas, ou más - com ...

Desvios

Normalmente pego o ônibus para a estação Faria Lima num ponto mais perto de casa. Por causa do um desvio na Joaquim Floriano, devido a obras na pista, hoje tive que andar um pouco mais até chegar num ponto onde houvesse mais pessoas, o que indicaria que o meu ônibus iria fazer o desvio antes dele. Antes dele, o ponto onde eu estava. Assim foi. Subi no busão com o título: Terminal Pinheiros. Esse eu descobri há tempos que preciso acionar o alarme antes da estação e descer do lado esquerdo, para pisar na ilha da Faria. Já tenho intimidade com ela, Faria. Fez diferença descer pelo lado esquerdo do busão porque normalmente a saída é pela direita. Quando eu não sabia desse detalhe acabei quase parando no Terminal Pinheiros, como já contei num outro texto. O fato é que ao descer na ilha, bem em frente há uma faixa de pedestres sobre a qual eu ando desenhando, rumo à entrada da estação. O desenho é interessante porque uma faixa vai se encontrando com a outra. Atravesso a Faria nessa faixa, an...

Achado

Estou no meu Classic preto 2013 e olho para a esquerda. Estava parado no sinal vermelho. Vejo um Outdoor onde havia imagens de jogadoras de futsal. Era enorme o informe do torneio: Primeiro campeonato sul-americano de futsal FEMENINO. Meu primeiro impulso foi imaginar como deixaram passar esse erro imperdoável. O sinal abriu e eu segui com aquilo na cabeça e meio inconformado. De forma irresponsável, no próximo semáforo, saquei meu celular e questionei o oráculo google. Questionei porque havia me questionado no pequeno transcurso até esse outro sinal, agora vermelho. Confirmado. Como o torneio é sul-americano eles escreveram o título em espanhol. Feminino em português é femenino em espanhol. A partir daí as minhas conversas internas, internamente produzidas no interior do Classic foram direcionadas a não sair detonando as ações no primeiro impulso. Somos seres reflexivos, mas isso requer trabalho, esforço. Como um ser estabanado e ansioso ando a ficar esperto com todas as ações que me ...

Ruas

Gosto muito de andar pelas ruas de qualquer cidade, mas principalmente nas ruas de São Paulo. Claro que as ruas de São Paulo têm mais gente e o meu andar com a cabeça erguida vai pescando as aparências. As aparências me interessam bastante, já que a profundidade vai ser impossível alcançar com a minha observação superficial. O meu gostar tem a ver com a observação da hiper variedade de pessoas e seus rostos, cabelos e vestimentas. Esqueci de mencionar os adereços. O meu esquecimento talvez deva-se ao fato de estar acostumado a ver a deusa dos adereços com as mãos na massa da produção. Eu digo que sou um artista publicitário porque preciso de um tema, seja ele aparecido na minha cabeça, ou alimentado pela minha observação desatenta. Nesse caso vou observando a variedade de aparências em movimento. Essas que vão entrando em contato com meus olhos e invadindo a minha imaginação. Para que eu seja mais direto e mais claro, ao olhar um transeunte eu rapidamente imagino de onde ele vem, porqu...

Pé de vento

Depois de algum tempo vesti uma blusa de malha fina. Um friozinho. Blusa de malha bonita e bermuda. Meia soquete cinza e meu tênis Mizuno com um cadarço não original. Preciso de um cadarço maior para fazer um entrelace da hora. Nunca refleti sobre essa gíria: Da hora. Sendo uma coisa boa, bonita, deve significar que a hora é essa, a hora exata para a coisa acontecer e ficar interessante. Hora de pensar na boniteza do laço, da trança e talvez da relação entre a cor do tênis e a do cadarço. Uma vez ouvi cadalço. Soou-me como calda, uma caldaça como a daqueles pêssegos em lata. Dona Anna pingava creme de leite em cima. Uma delícia. Lembrei-me do sítio urbano onde a minha mãe ensacava com saquinhos de pipoca os pêssegos do único pessegueiro do jardim. Não adiantava nada. Os passarinhos devoravam todos, antes que eles amadurecessem. A goiabeira que fica na calçada do colégio também é assaltada pelos pássaros e o piso fica feito geleia. A Regina Casé apresenta um programa chamado Pé de quê? ...

Pacientes

O motorista que me trouxe até a rodoviária é espanhol de origem. É aposentado e não quer ficar parado. Ele me disse que apenas com educação de qualidade, nós desse país maravilhoso, poderíamos não depender de mais nenhum outro país estrangeiro. Essa fala dura milênios. Não a fala, mas o contexto. Ele citou a sua incredulidade diante do fato de um Marçal postular uma prefeitura e quase ser eleito, por exemplo. Ele ficou pensando em como alguém com informação diversificada poderia ser tão tapado, no sentido exato de tapar os olhos do pensamento reflexivo.j Ele citou outros, mas vou economizar linhas. Você que me lê sabe de cor e salteado o que tudo isso quer dizer. E eu fico jogando conversa fora, mas afiada. A gente vai sobrevivendo a trancos e barrancos, já que ele me falou sobre o preço das faculdades, sendo que um filho já é médico e a filha acabou de entrar no curso de medicina em Ribeirão Preto, depois de três anos de cursinho. Claro que ele me lembrou do valor da mensalidade do cu...

Senhor

Um senhor como eu acaba de me deixar na rodoviária. Foi meu motorista no Uber. No caminho fez uma curva rápida à esquerda ignorando o GPS e enquanto eu me ajeitava no banco de trás, por causa do movimento brusco, ele disse: Vou desviar por aqui porque a gente corta caminho. E não é que ele conhece mesmo o caminho? Achei sensacional. E rápido. Porém, o início da nossa viagem é que daria um tema de filme, ou uma tese de mestrado. Acho que estou exagerando, mas é algo que venho observando, embora a minha observação seja sempre relacionando o fato com os comportamentos dos mais jovens. Ele me perguntou, sabendo que iria me deixar na rodoviária: Vai passear um pouco? Eu disse a ele: Não, eu moro em São Paulo de quarta a domingo e lá sou aposentado. Em Sorocaba dou aula, mas apenas nas segundas e nas terças. Desta vez ficarei em São Paulo por duas semanas por causa do Carnaval. Ele de pronto me pergunta: E amanhã você dá aula? Não, amanhã é quinta, respondi. Ah, mas na quinta então você não ...