Desvios

Normalmente pego o ônibus para a estação Faria Lima num ponto mais perto de casa.
Por causa do um desvio na Joaquim Floriano, devido a obras na pista, hoje tive que andar um pouco mais até chegar num ponto onde houvesse mais pessoas, o que indicaria que o meu ônibus iria fazer o desvio antes dele.
Antes dele, o ponto onde eu estava.
Assim foi.
Subi no busão com o título: Terminal Pinheiros.
Esse eu descobri há tempos que preciso acionar o alarme antes da estação e descer do lado esquerdo, para pisar na ilha da Faria.
Já tenho intimidade com ela, Faria.
Fez diferença descer pelo lado esquerdo do busão porque normalmente a saída é pela direita.
Quando eu não sabia desse detalhe acabei quase parando no Terminal Pinheiros, como já contei num outro texto.
O fato é que ao descer na ilha, bem em frente há uma faixa de pedestres sobre a qual eu ando desenhando, rumo à entrada da estação.
O desenho é interessante porque uma faixa vai se encontrando com a outra.
Atravesso a Faria nessa faixa, ando até a esquina, atravesso a ruazinha pela outra faixa que termina numa outra esquina, ali há a terceira faixa que dá na pracinha João Nassar e nessa há a última faixa que atravesso, chegando na porta da estação metropolitana.
Desenho é isso: Uma trajetória de linhas.
Polis é cidade e Metrópole, uma grande cidade.
O Metrô vai cortando a cidade por baixo, algumas vezes por cima e esse desenho está estampado em todas as estações.
Cada linha pintada numa cor distinta.
O Metrô da Metrópole, num mapa.
Sempre imaginei os primeiros cartógrafos desenhando os mapas a partir de referências escritas, ou oralizadas, demarcando espaços de origens gigantescas, em escala muitas vezes menor.
Quantos equívocos, mas quanta originalidade.
Assim como imagino o primeiro sujeito que percebeu o movimento do sol durante o dia e penso na ansiedade de esperar o nascer do próximo dia para ficar registrando as posições.
Hoje é uma outra história.
Aparelhos ultra sofisticados para medir e mapear tudo.
Nossa posição no espaço, abalos sísmicos, profundidade do solo, localização de navios afundados, ou qualquer outra medição necessária.
Acho graça na expressão: Ela, ou ele, me mediu de cima a baixo.
Não sou bom nessa medida, tenho vergonha.
Muito menos consigo perceber se algiém está medindo, mas existem pessoas ótimas nisso.
Na medida que o tempo passa e a escola proibiu o uso do celular, passei a medir o tempo através de um reloginho digital de pulso, ou seja, um relógio que mede as horas que passo aprendendo.
Lembrei do relógio ponto e ponto.
Dê uma olhada na medida do meu sorriso.
Estar na média, ser mediano, ser medíocre é tudo a mesma coisa e quase não dá trabalho nenhum.
Acho bonito ultrapassar a própria média.
Aquela medida que a gente já conhece.
Vou te pagar na mesma medida é outra expressão interessante, mas apenas quando a bolada é grande pra todo mundo.
Na medida do possível, é legal, mas mais legal ainda é a medida do impossível.
Parece a história da utopia.
Sabemos que é impossível, mas a gente tenta até a última medida.
Desviar-me do caminho faz com que nunca eu copie e cole nos meus caminhos que desejam sempre o bem maior, o compartilhamento, a multiplicação do conhecimento.
Temos na cozinha uma série de copos medida.
Foi indicação da Rita Lobo, que sempre diz que a medida é aquela, nem menos, nem mais.
Raspados com a faca encostada na borda do dito copo.
A medida do equilíbrio.
O pessoal a essa hora já deve ter terminado a obra que provocou o desvio do trânsito na Joaquim Floriano.
Trabalho duro.
Quando for necessária a mudança de rota, andemos um pouco e alcançaremos o nosso ponto

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