Quando

No momento exato no qual eu pensava não ter nenhum mote para o meu texto cotidiano, a coisa acontece.
E não foi a partir da frase que o Lennon nos confidenciou:
A vida é aquela que Acontece enquanto fazemos planos.
Não.
Aconteceu no caminho para a academia.
Para que não déssemos um encontrão lateral, eu e um moço paramos a caminhada ao mesmo tempo, na esquina da Tabapuã com a João Cachoeira.
Com a maior gentileza ele me fez o gesto com o braço, indicando para que eu seguisse em frente e me disse:
Por favor!
Não é uma coisa corriqueira, já que o corriqueiro nesse caso são pessoas nem prestarem atenção aos nossos movimentos.
Gentileza então, parece coisa de alienígenas com a intenção de tomarem o nosso planeta de assalto.
Um assalto positivo, que roubaria todas as maldades desse mundão e as substituiria por uma bondade universal.
Não dá para acreditar em Aliens quando a gente vê várias séries televisivas que nos mostram as atrocidades mundiais, ditadas pelo dinheiro e pelo poder.
Sinônimos da mesma crueldade.
Porém quero me deter na gentileza e naquilo que é a minha função nesse mundo.
Achar beleza nos gestos.
Já disse que quando eu realmente aprendo eu intronizo e uso.
Assim a vida vai dando encontrões nas feiúras e rudezas das pessoas que vandalizam a poesia.
Quando a minha aluna que olhou um violão no meio da sala de aula me disse que via a poesia do objeto é porque realmente o objeto exalou poesia para que alguém a captasse.
Repare que escrevi captasse e não capiturasse.
Captar é algo que as pessoas providas de antenas fazem quando são colocadas ante a beleza, a poética e a Lírica.
Preste atenção.
Todas as pessoas são providas de antenas e algumas são antenadas, o que significa que durante a existência algumas pessoas ligam o botão ON.
Portanto a frase: O pai tá On é machista e excludente.
Rio de dar dor no abdômen.
O correto é todos estarem On, mas o Onofre é forte.
Onofre é o deus do morno, o que não está nem on, nem off.
É apenas o Onofre, deus do morno.
Usei a redundância para que ficasse bem claro.
O morno é blasfemo, horrível, nojento, asqueroso, abominável, ultrajante e vergonhoso.
Você que lê pode e deve pensar em outros adjetivos para essa espécie de gente.
Aqui os batimentos estão a cento e cinco e pedalo há vinte minutos.
Estou me condicionando a mudar muito as minhas atitudes para não passar vergonha.
Quando eu abrir aquela porta espero encontrar mais pessoas gentis.
Falando nisso, ontem eu perguntei para a atendente do Minuto Pão de Açúcar:
Mocinha você sabe onde fica o queijo parmesão?
Ela respondeu objetivamente:
Não!
Gentilmente saí a procurar e encontrei a moça do pão.
Não somente a do Pão de Açúcar, mas a que coloca os pães para cozer no Minuto.
Ela me respondeu:
Moço, se tiver ele está ao lado das Manteigas.
Ali estava ele e junto com ele vários da mesma espécie.
Eu, que não valho nem a tampa da minha marmita, encontrei a primeira moça e a instruí para que ela pudesse auxiliar outras pessoas que procurassem pela mesma peça.
E ela?
Nem Tchum.
Rio porque é assim mesmo.
Ela queria estar em qualquer lugar menos naquele local de trabalho.
Muitas vezes para ela ainda é a única opção.
Não a culpo, mas venho por meio dessas mal traçadas linhas, lhes contar que ao contrário dela, a Kellynha do Express é super atenciosa e a Mercia da Fornada é excepcional.
Uma alegria, sorrisos, festa.
Eu prezo pela poética e a Lírica da beleza, portanto enalteço a entrega afetiva nos atendimentos.
O moço do quase encontrão me atendeu e eu a ele, agradecendo a gentileza.
Qual o motivo de ainda estarmos atentos e ativos?
Podem existir vários.
O meu agora é abrir a porta da oficina de movimentos e encontrar poesias além dos objetos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rima

A saga das palavras

Escolhas