Pesos
Fazia tempo que não via, mas ontem eu vi.
Foi através do Instagram, mas eu vi uma mulher com o celular tentando gravar algo do homem com o qual ela estava gritando.
Aos gritos chamou o homem usando um termo homo fóbico.
Pra mim já foi suficiente.
Quando eu digo que foi suficiente significa que eu não li os comentários e nem fui atrás de mais informações sobre o ocorrido.
O que eu quero chamar à atenção é que eu tenho pouca lida com esse tipo de pessoa e esse tipo de atitude.
É muito raro eu presenciar cenas como essa e principalmente alguém gritando perto de mim.
Eu sei que isso existe e em grande quantidade, já que as novelas nos apresentam narrativas onde essas intrigas são constantes.
Sei também que é por isso que as novelas ainda fazem sucesso e são retransmitidas em vários horários pela televisão.
Penso em toda a energia negativa que atitudes como essa exalam no ambiente e que nada disso soluciona qualquer questão mais séria que possa ter havido.
Quando um carro grande passa por mim às seis e quinze da manhã a toda velocidade eu não penso mais que ele está querendo tirar o pai da forca, como dizia dona Anna.
Minha vontade é armar uma mesa como aquelas de bar, com duas cadeiras e chamar a pessoa para uma conversa.
Uma conversa séria para saber qual a razão da pressa a essa hora da madrugada.
Uma querida amiga um dia não me perguntou como eu conseguia chegar na escola com aquela euforia toda?
Ela fez outra pergunta:
Não dá pra você chegar um pouco menos feliz as sete da matina?
Várias são as razões para a perda da paciência.
Recebi uma mensagem que mostrava a carinha de uma criança fofa e um pequeno texto:
SE VOCÊ ACHA O FLASH RÁPIDO É PORQUE VOCÊ NAO VIU A VELOCIDADE QIE EU PERCO A MINHA PACIÊNCIA.
Rio porque a minha é duradoura e acho que até sou assim para não ficar demasiadamente aborrecido.
A paciência deve ser inerente ao professador, afinal temos na nossa frente crianças e adolescentes que precisam de uma mediação no mínimo sensata e pacata.
Pelo visto, em casa, eles estão tendo falta de dedicação e paciência.
Isso mesmo.
Parece que é só jogar um tablet ou um celular nas mãos das crianças e elas não dão mais trabalho.
Dá muito trabalho educar e os pais estão ocupados demais para uma atenção mais detalhada.
Claro que há exceções, porém se o contrário dessa posição fosse a regra, a situação não estaria tão drástica como estamos vendo e vivendo.
A mulher deve estar gritando até agora e o goleiro reserva do Porto pegou até pensamento no jogo de ontem.
Jogo é jogo e tem criança jogando no celular.
Jogando a dinheiro.
Aí é responsabilidade nossa mostrar coisas bem diferentes que agucem a curiosidade sensível.
Passo quarenta e cinco minutos por semana com um determinado grupo de jovens.
A realidade é que a proposta pode soar esquisita, mas no fim existe sempre uma Obra visível de cada aluno do grupo.
Se o que eu vi no Instagram foi vergonhoso, depois dos quarenta e cinco minutos os nossos queridos perderam a vergonha de apresentar suas expressões.
Isso faz tempo que eu vejo.
E agradeço
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