Plataformas
Os ônibus para saírem das plataformas, apitam.
O sinal é de aviso para os mais desavisados motoristas de outras empresas, já que aqui os ônibus saem de ré.
Espero o bus das Quatorze e quinze, lembrando que não tomo mais café no período da tarde.
Tomo apenas o café da manhã.
É impressionante como gosto da refeição: Café da manhã.
Hoje comentávamos como a gente precisa, numa conversa, a expressão: Na minha época!
Numa conversa pública há que posicionarmos as referências de um tempo passado para que possamos ser compreendidos.
Claro que a minha época é essa que estou Vivendo, porém os mais novos não viveram as coisas acontecidas e aparecidas na minha mocidade.
Olhe só.
Mesmo a palavra Mocidade dá a noção do envelhecimento da pessoa.
Também me lembrei da aguardente que é envelhecida em barris de Carvalho.
Quando eu era bem pequeno ficava imaginando a família Carvalho produzindo pinga.
Não.
O envelhecimento era e é feito em barris feitos com a madeira do Carvalho, a árvore.
O óleo de linhaça também é retirado de uma semente que germinada vira árvore.
Árvore de linhaça, árvore da vida que há em toda pintura a óleo.
Fico imaginando se toda a juventude sabe o que é uma pintura feita a óleo, já que hoje temos as pinturas digitais e tais.
Tenho certeza por experiência que quase ninguém sabe o que é Nanquim.
E faz tempo que eu sei que muita gente não sabe.
Apita em mim o conceito de sobrevivência das coisas antigas.
Na semana passada comecei a sentir o que minha tia sentia quando era levada de carro a passear pela cidade.
Ela sempre perguntava ao passar por caminhos que antes ela conhecia:
Mas esse lugar agora é assim?
Esse é o mesmo lugar?
Os imóveis antigos adquirem um sentido de mobilidade.
São movidos de volta aos seus terrenos, transmutando-se em prédios mais altos, residenciais, ou de escritório.
Escrevo.
Sou terreno.
Os ônibus levam e trazem não como a fofoca, mas como molas do tempo.
Leva quase duas horas para que cheguemos ao destino.
Foi um tempo que passou, ou um tempo ganho com observações físicas e metafísicas?
Só o tempo dirá?
O Café Seleto me acorda as ideias.
Tomo aquele banho, escovo meus dentes e era eu que aprontava o lanchinho da minha mãe.
Seleção vital.
Lembrei do dia em que a moça atendente da farmácia pediu meu R.G.
Eu disse sete números e ela ficou me olhando, como se esperasse outros tantos números.
Eu respondi: O meu é um R.G.baixo.
Outra frase enigmática e sensacional é a do Luis:
Aproveita pra viajar enquanto a sua mala de viagem é maior do que a de remédios.
Risos.
Rio porque ainda há vida e vida em abundância sem tantos remédios.
Outro dia no Instagram ouvi uma amiga professora e estudiosa da neurociência dizer: A pessoa que tem medo de morrer tem medo de Viver.
No pen-drive que toca no meu carro quase sempre toca a música Caçador de mim.
Que tem ouvidos para ouvir, sinta.
Na revista Seleções havia uma página denominada: Rir é o melhor remédio e hoje parafraseio dizendo:
Viver é o melhor remédio.
O meu apito, apita quando sigo em frente
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