Pelúcia
Agora você não tem que pensar, você tem que ouvir!
Essa frase deve-se ao fato de quando a pessoa está contando um caso, eu já estar pensando e elaborando um outro caso ou resposta.
No caminho, em frente a um ponto de ônibus, ouço uma moça dizer no meio da frase: Entrar para dentro.
Não tem importância, porque eu e a outra pessoa entendemos a mensagem.
Porém, que é uma redundância é, afinal se é para entrar, sempre se entra para dentro de alguma coisa.
Subir pra cima nem quando a gente canta Stairway to heaven.
Rio porque quando eu imposto a voz grave e narro como um narrador de filme norte americano as pessoas acham que eu sei falar inglês:
Once upon a time the lion in the forest...
A moça do novo carrinho de pipocas na rua Tabapuã, roda a manivela da tampa da panela e os primeiros grãos de milho começam a estourar.
No mesmo instante, ainda caminhando, me lembro do seu Zé no carrinho de pipocas na hora do intervalo da escola.
Ele se posicionava em frente ao portão, na rua Rio de Janeiro.
Nós, os alunos, ficávamos nos equilibrando no portão, pedindo:
Seu Zé, um saquinho com molho de pimenta.
O gosto vem à boca cinquenta anos depois.
Assim como o gosto do pão com molho da Cantina.
Ali aprendi sobre redundância, sílabas tônicas, briófitas, equação do segundo grau, monozigoto e tantas outras delicadezas que ainda hoje vejo nas provas das garotas e dos garotos no colégio.
Nessa segunda a mocinha me mostrou:
Betu, olha o carrinho que eu desenhei.
A prova era de Física.
Eu disse baixinho à ela:
Um carro se desloca com velocidade constante do ponto A ao ponto B em trinta minutos.
Ela assustada, pensando ser eu um vidente, pergunta:
Como você sabe?
Rio porque antigamente a gente decorava.
A professora de Física um dia depois da avaliação disse para a classe:
O Cury foi o único que tirou nota Nove porque ele usou o raciocínio.
Rio porque naquela época eu nem sabia o que era raciocínio. Rs
Quanto a frase sobre o prestar mais atenção ao que o outro fala, tenho melhorado muito, tendo ouvido com mais paciência, mas para o ansioso é um pouco difícil a mudança.
Porém na medida que ensino eu aprendo muito.
Raciocínio vem da razão, do pensamento.
Muita gente não acredita que sou um artista publicitário.
Eu defino publicitário como sendo um artista que precisa do tema.
A partir dele vou fazendo relações mentais e é aí que o resultado aparece.
Fiz isso também com os meus grafismos e meus olhos, sendo que originalmente eles apareceram de forma misteriosa.
Defini, pela razão, meia dúzia deles para estampar os meus planos, sejam eles tecidos, couros, papéis, paredes e outros tantos.
Maria Jô, que deixa o meu apê brilhando e é uma das pessoas mais organizadas que eu conheço me perguntou essa semana através do Zap:
Betu, o que significam esses desenhos nas suas calças?
Respondi de forma objetiva:
O significado cada um tira o seu, já que cada pessoa que vê percebe um detalhe, mas para mim é uma Estampa, um enfeite.
Sempre gostei da palavra Decoração e do verbo Enfeitar.
Muitos alunos me perguntam, depois de terminarem uma peça:
A gente pode decorar?
Pode e eu adoro.
Tanto que o que eu penso mesmo quando desenho é ficar enfeitando, decorando calças, camisetas, ou qualquer outra peça do vestuário.
Daqui onde pedalo ouço algumas vozes sacrificadas.
Alguns gemem de dor ao levantarem com os braços e com as pernas um monte de quilos.
Eu me contento muito em dar uma suadinha e estar me movimentando.
Ah, antes de entrar ouvi outra moça dizer a amiga que ela precisa soar, soar e soar.
Quem canta um canto, os seus males espanta
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