Digestão

 Alimento-me e espero fazer a digestão.

A intenção é o exercício posterior.
O paralelo com o aprender sempre e internalizar o que eu aprendo é inevitável.
Eu devo fazer a digestão da informação que eu recebi até que ela tenha sido por mim processada.
É um exercício que movimenta o pensamento e aguça os sentidos.
No momento estou exercitando o músculo adutor, mas também pensando em quantas pessoas respondem às minhas mensagens no WhatsApp sem lê-las.
Isso mesmo, algumas pessoas não lêem todo o conteúdo da mensagem.
Por exemplo, na mensagem que eu escrevi:
Eu só posso marcar a consulta para as quartas, quintas ou sextas-feiras. Ponto.
Recebo a mensagem de resposta:
O Senhor pode vir hoje?
E o tal Hoje era Terça.
Esse é apenas um exemplo da falta de exercício de leitura.
Existem vários outros e outros tantos que implicam em interpretação.
Aquela coisa de ler o texto e compreender o que se está lendo.
Nesse sentido, as pessoas que não exercitam, ou não tiveram essa experiência de exercício, são chamadas de analfabetas funcionais.
Exercer uma função sem que eu saiba o porquê estou fazendo não é a minha praia, porque não me sinto confortável.
Acabo de me ajeitar no celim da bicicleta e ainda confortável começo a pedalar.
Quando nos alimentamos a concentração de sangue no nosso corpo se dirige ao intestino e portanto, à todo aparelho digestório.
Concentração de energia é a coisa necessária para aprendermos mais e usarmos o que aprendemos para além da Função.
Eu digo sempre que para uma ação criativa na comunicação publicitária é necessário pensarmos no Conteúdo, na Forma e na Função e é isso que difere essa atividade da Atividade Criadora na Arte.
Na Arte é necessário pensarmos no Conteúdo e na Forma.
Ah, mas a Arte não tem Função?
Na materialidade não tem.
Posso deixar você pensando por alguns segundos e tenho certeza que você chegará à mesma conclusão.
É importantíssimo sabermos disso.
O resto é Mercado, a funcionalidade do Mercado que deixa tantas pessoas tristes e angustiadas.
Observemos que temos graves problemas de conteúdo nas redes.
Essa é a minha visão.
Na cadeira da dentista comentávamos que os influenciadores que menos sabem sobre o conteúdo que estão repassando são os que  monetizam muito e muito mais.
Essa própria palavra já me deixa estupefato.
O verbo monetizar.
Vamos ler novamente o parágrafo anterior.
É assustador.
Nada a ver com monetização, mas igualmente assustador é ver um adesivo no vidro traseiro de um Mega automóvel brilhante, onde está escrita a frase: Propriedade de Jesus!
O quê?
E Jesus quer ter um carrão desse?
Você vai me perguntar, como assim, nada a ver com monetização?
Tens razão, tudo a ver.
Inclusive por mais exercício de simplicidade que façamos, mais ainda temos que fazer para ver se nos agachando, nos movendo para a direita e para a esquerda, pulemos num pichinelo, ainda assim o dinheiro nos acompanhará como sombra.
A crise do capitalismo só existe para os que têm menos, os que mais necessitam e vão sobrevivendo das migalhas.
Aquele tal um por cento que senta no poder da dinherama e não quere sair dali nem mortos, vão rindo à toa, ou nem tanto.
Nós, os tais noventa e nove por cento vamos poetizando o conteúdo e dando forma às pequenas ações que nos importam.
Parece pouco e até acho que é pouco mesmo, mas estamos ambidestros para alcançarmos a mão daquele que por hora está precisando.
Outro dia, depois dessa bicicletização diária, eu encontrei um moço de rua na calçada e ele me pediu:
Moço será que o senhor não compra nessa loja uma caixa de chocolate para eu vender e fazer uns trocados?
Entrei com ele na loja, mas o preço da caixa de chocolate que eles tinham era muito caro.
Não estava monetizado para tanto.
Eu expliquei pra ele e disse-lhe que iria comprar para ele um tablete de Talento verde.
Ele não aceitou e me disse:
Professor, eu te agradeço só pelo fato do senhor ter parado e falado
comigo.
Um instante de exercício de aprendizado.
Noutro dia conversei rapidamente com um morador de rua num semáforo em Sorocaba e ele estava vestindo uma camiseta do Corinthians.
Eu disse a ele: Falou então Corinthiano, um abraço.
Ele me respondeu:
Eu sou Palmeirense, mas outro dia me deram essa camisa.
Falei: Não saia daí.
Me dá cinco minutos.
Fui até o meu apartamento, peguei a minha camisa do Palmeiras, pus no carro e em cinco minutos entreguei para ele no sinal.
A luta do prélio não tarda e pela nossa defesa ninguém passa, Fica.
Nossa passagem da defesa para o ataque passa por um meio de campo veloz.
Seguimos no exercício diário do aprender para sempre.
Saio da bike e vou pra rua, que quiser, ou puder, venha

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rima

A saga das palavras

Escolhas