Sobreviventes
Uma constatação é que está tudo caro.
Duas sacolinhas quase sem nada, cem reais.
Só o azeiteeeeeee!
A Caixa de Materiais desse ano é uma caixa de sapato cuja tampa é acoplada à caixa por um dos seus lados.
Sei que já escrevi isso num outro texto, mas o importante é que resolvi passar meu tempo ocioso cortando o lado anexado e manufaturando um lado novo para a tampa.
Ou seja, a partir de agora a caixa tem uma tampa que fica à parte dela.
A caixa adquiriu parte da sua independência, embora uma hora ou outra ela terá que ser tampada para que a gente não perca os materiais que ela guarda.
A gente também tem uma independência apenas moderada.
Depois de cortado o papelão de outra caixa que havia guardado para uma ocasião semelhante a essa, prendi o pedaço à caixa com fita prateada.
Só pra segurar.
O segredo é ir colando sobre os cantos e sobre as fitas, pedaços pequenos de papéis desenhados.
Também deve ser papietado o lado da caixa onde antes estava presa a tampa.
O serviço ficou muito bom.
Gostei.
Ontem lembrei que perto de casa há uma lojinha que vende cola branca.
Fiquei quase meia hora escolhendo a cola pelo preço e claro, levei aquela com uma quantidade menor, cuja marca para quem é mais velho, poderia ser chamada de Marca Barbante.
Assim falava meu Nono que era quase um profeta dos doces, o que já não sei se Zaratustra era, apesar dele ser profeta.
O objetivo era encher o tubo pequeno que trago na caixa de materiais e é regularmente usado pelos meus alunos.
Profetizei haver algo estranho na reforma do supermercado que há perto de casa.
Primeiro trocaram o nome pelo pretexto desse novo ter comprado o velho, embora ambos os nomes sejam de supermercados velhos.
Enfim, no domingo passado fui às compras e uma moça estava recolhendo e catalogando quase todos os produtos, ou seja, gôndolas praticamente vazias.
No caixa, com as minhas duas sacolinhas nas mãos perguntei à moça do caixa:
O Super vai fechar?
Ela respondeu que ele havia sido vendido para um super de alumínio.
Não.
O super não é feito do metal alumínio, a matriz dele é da cidade de Alumínio que tem esse nome por causa da fábrica.
Não perderei tempo escrevendo o que a fábrica fabrica.
Hoje, só pra confirmar peguei meu carro e passei ao lado do super novo e ele estava fechado.
Os trabalhadores estão colocando o Letreiro novo e branco sobre o fundo preto.
De longe parece que está ficando bom, mas o nome nunca havia ouvido antes e também ainda não decorei.
Decorei só a caixa por enquanto.
A moça me disse que vai ficar contratada e que alguns funcionários vão sair por opção, mas ela prefere ficar à procurar uma nova ocupação.
E eu aqui, desocupado que só.
Alimentando o ócio criativo.
Ócio criativo não só existe como deveria ser remunerado de forma abundante para que a gente pudesse comprar muito mais do que duas sacolinhas.
Nós somos Super.
O mercado que nos dá ordens sempre bem difíceis de entender, espera que a gente nem descubra suas artimanhas e nem alimentemos alguma esperança.
Inclusive essa palavra me remete a outro Super que dona Anna amava e chamava de Seu Supermercado:
Esperança
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