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Mostrando postagens de setembro, 2024

Interessante

Que Maravilha não ter nenhum motivo aparente para escrever uma crônica rodoviária. Não tinha. Não havia até eu chegar a uns dez metros dos guichês de vendas de passagens. Uma fila quilométrica exatamente ao meio dia. Na hora fiquei tentando puxar na memória se havia esquecido alguma data comemorativa. Qual nada. Sistema Bugado. Tudo tendo que ser feito a mão e os atendentes preenchendo uma guia enorme à caneta. Primeiramente já fui me dirigindo até um guichê especial que tem até ar condicionado, destinado a idosos. O meu caso. Porém o Sistema está Bugado geral. Fiquei sozinho na frente de um atendente da Caratinense. Ali também emitem passagem para Sorocaba. Foi apenas uma desculpa para me apoiar e começar a escrever. Nesse momento me encontro na fila de idosos original. A da Cometa mesmo. Cometa a loucura de ser um Cometa que navega no espaço como um rato xereta. Esse verso pertence a uma canção que fiz e está no CD o Bicho sem pé nem cabeça. O tal bicho sem pé nem cabeça com certeza ...

Barquinho

Acabo de ganhar um post-it verde. Não é um post-it qualquer. Foi cortado em três partes e a aluna autista-artista desenhou sobre um dos pedaços, com uma caneta bem fina. No começo da aula eu a tinha lembrado do mini livro, que ela ainda está a terminar. Ela, a autora. Com essa lembrança na cabeça ela desenhou no papel verde um gatinho sobre a grama de onde cresceu uma flor gigante. O mini livro trata de gatinhos. Detalhe: Ela usou um dos outros dois pedaços do papel pra fazer um barquinho usando a técnica do origami. Pensa num micro barco perfeitamente executado. O barquinho veio colado no mini desenho. Ela me entregou e pediu que eu colasse na Nossa caixa de materiais, onde já existem mil papeis recortados e colados. A caixa é feita para guardarmos materiais que serão usados durante o ano e é sempre recriada com colagem de papeis que serão sobrepostos, dia a dia, durante esse ano de dois mil e vinte e quatro. Eu e os alunos vamos encontrando papeis pelo caminho, ou vamos fazendo peque...

Ontem

Ontem quando fui almoçar no restaurante de sempre, aquele que tem uma comida honestíssima, me deparei com um par de chinelos coloridos sobre a calçada. Estavam numa posição cruzada bem próximos a um poste caiado de branco até um metro e meio de altura. Um dia me disseram que fazem isso para que as formigas não subam, mas nunca achei sentido nessa explicação. Eu, um tolo. Depois que acabei de escrever essa tese científica, lembrei que não são os postes que são caiados de branco por esse motivo formigueiro, são as Árvores. Acho mais possível, em relação aos postes, que com ele cinza seja mais difícil para os motoristas e pedestres enxergá-los e assim mais possibilidade de ocorrerem acidentes. Pense aí numa outra explicação. Pois bem, os chinelos me chamaram à atenção pela distribuição das cores e fui logo me certificar que estavam com alguma deficiência. Talvez por isso foram deixados na rua. Será que alguém os perdeu? Os dois pés estavam com as tiras soltas, já sem os círculos de borrac...

Detalhe

Costumo fazer Cartões 3D para aniversariantes, sejam parentes ou não. Uso recortes de papéis coloridos já recortados. Restos mesmo. Pedaços de todos os formatos que vão sendo armazenados num saquinho plástico para serem usados futuramente. Vou compondo com as tiras, os pedaços maiores e quase sempre coloco em relevo a Letra inicial do nome de quem aniversaria. Outro dia minha neta artista completou seus oito anos. Ao entrar na sua casa já fui logo lhe presenteando com o Cartão. Ela observou a capa, a contracapa e abriu vendo a letra A saltando no centro do papel aberto. Viu que a letra foi feita com papel branco e o buraco do A, um coração feito com papel vermelho. Perguntou: O que é essa coisinha amarela? Disse-lhe que eu havia colado à Letra no lugar errado e tive que rapidamente descolar para que pudesse colocar no local previsto. Ou seja, colei um pequeno pedaço de papel amarelo para disfarçar a manchinha do erro. Pronto. Ela foi logo guardar o cartão em seu lugar seguro. Pelo meno...

Banheiros

Como é você estar num lugar amplo, comer no restaurante, frequentar a biblioteca e salas de aula e desconhecer um ítem importante desse estabelecimento? No mínimo interessante. Descobri depois de milênios que existem dois banheiros amplos ao lado da escada que sobe para o espaço dos livros. Claro que a mesma escada que sobe, desce. Compreendo agora que quando saio da biblioteca, sempre passo para o corredor das salas de aula pelo mesmo piso, ou seja, não desço as escadas verdes e largas. Penso que se descesse eu teria pendido pra direita no último degrau e caído na frente dos banheiros desconhecidos. Desconhecidos até agora. Até uma aluna mega falante ter pedido que a escola construísse uma sala de descanso em tempo de extremo calor. Está abafado aqui fora. Ela pediu uma sala ampla, com ar condicionado, puffs, almofadas e várias tomadas para carregamento de celulares. Tudo isso para que os alunos possam esperar as atividades da tarde em total conforto e conectados com o mundo externo. ...

Peles

Quem começou com essa história de: Quero Grudar no seu Corpo feito Tatuagem foi o senhor Chico que é Buarque. Depois dele vi uns dois, ou três compositores adentrarem nos nossos sentimentos com algo bem parecido. Grudar no corpo como tatuagem é uma imagem marcante e forte como pequenas dores raspadas ou pontilhadas na pele. O primeiro capítulo de uma apostila de Arte tem como título À flor da pele, que também é  título da poesia do Wally Salomão. No caso do Capítulo, ele se refere ao expressionismo, expressão vinda do âmago das gentes, das pessoas artistas cujo ato de artear é impossível não ser realizado. Expressam. Um dos filmes mais intrigantes do Almodóvar tem como título A pele que habito. Questões de gênero, imperdível. Nada mais obsoleto do que o lápis de cor, cor de pele. Que pele? A preta, a branca, a amarela, a vermelha, outros matizes e a minha leitosa? Demorei uma vida mais três meses para descobrir, ou intuir porque o goleiro do Internacinal era conhecido como Maisena....

Interpretação

Apenas uma introdução. Uma empresa tem uma matriz e uma filial. Para que eu entrasse na Matriz precisei fazer um cadastro e o atendente fazer uma foto minha, usando aquela micro câmera. Maravilha. No mesmo dia, algumas horas depois fui até a filial da empresa. Já cheguei dizendo para a atendente que Havia Feito o Cadastro na Matriz, ao que ela foi logo me dizendo; Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Achei estranho, afinal estamos em época digital, mas disse: Ótimo, tá bom então! Perguntou-me: Qual o seu CPF? Respondi imediatamente: Zero, três, três e ela me interrompeu perguntando: O senhor é o José Humberto? Falei um tanto ríspido: SIM sou eu! E ela de forma esfuziante e retumbante, me disse: O SENHOR JÁ TEM CADASTRO! Um minuto. Não foi isso que eu disse quando cheguei e me deparei com ela? Tenho me deparado com essas situações de aparente transtorno de atenção com muita frequência. Outro dia meu filho me disse que está fazendo uma desintoxicação do YouTube. Claro que imagino qu...