Mistério, Poliana, ou nada disso?
Pensei um pouco antes de começar a escrever.
Você vai me perguntar: Como assim?
Nós sempre pensamos antes, durante e depois de escrever.
Está correto, mas pensei se conseguiria passar a sensação que sinto quando me acontecem determinadas situações.
E não é de hoje que sinto e sinto forte, como se pegasse a Coisa com a mão, como disse sempre a dona Anna.
Polianiamo seria?
Otimismo demais?
Crença, subjetividade, filosofia?
Não gosto nada quando a minha conversa soa apenas filosófica.
Desejo uma filosofia prática.
Aqui está.
Saio de casa e ainda estou no escuro de inverno.
Dou partida no meu automóvel, ligo a luz baixa e saio.
Dirijo até a padaria cotidiana, peço meu pão com manteiga sem chapa e meu café com leite médio.
Devoro o lanche e pago a minha conta com cartão de crédito.
Desejo uma ótima semana a todas as funcionárias, entro no meu carro e saio em direção à Marginal da Rodovia Raposo Tavares.
Não ligo o som e vou tranquilo e devagar pela pista.
Meu destino é o Colégio onde ministrarei aulas por toda manhã.
Sem almoço, às treze horas, sairei correndo para fazer um ecocardiograma de rotina.
Saindo de lá retornarei ao Colégio para mais duas aulas de Desenho.
Sabendo de tudo isso gostaria que você voltasse ao momento no qual estacionei meu carro perto do Colégio como sempre faço.
Estacionei, porém antes de movimentar a chave para desligar o motor, eu ouvi uma grilada.
Pane total.
Com todo o aprendizado adquirido com o meu Fiesta 98, desci do carro, e abri o capô.
Abri o tanquinho que deveria estar quase cheio d'água e o encontrei totalmente vazio.
Seco.
A experiência me trouxe a calma, diante de toda aquela sequência de acontecimentos que relatei sobre a dinâmica desse meu dia.
Deixei o tanquinho d'água descansando aberto e fechei o capô.
Ainda dava tempo, antes da minha primeira aula, para eu tentar achar uma vasilha grande e alimentar com água o tanque.
Pela portinha com tela da cantina, pedi por uma garrafa pet de dois litros, porém a moça anjo me emprestou uma panelona de uns quatro litros.
Agradeci, desci até o carro e coloquei os quatro litros para dentro do tanque.
A coisa borbulhava enquanto entrava goela abaixo, mesmo não sabendo ao certo se o tanquinho goela tem.
Novamente deixei a água descansando e fechei o capô.
Voltei voando para as minhas duas primeiras aulas e no intervalo fui ver se agora, depois de alimentado, o motor voltaria a funcionar.
Pegou, funcionou.
Graças por isso.
Rapidamente desliguei o motor e fui correndo para as minhas outras aulas, já convicto que iria com o Uber até o Hospital onde faria o exame e também com o Uber de lá voltaria.
Feito isso, Claudiomiro me deixou ao lado do Classic 2013.
Claudiomiro já teve cinco Celtas Sedan também conhecido como Classic.
Foi só elogios ao automóvel.
Abri novamente o capô e coloquei meio galão de cinco litros de água para que eu pudesse levar o Classic até a Oficina.
Cheguei.
No meio do caminho coloquei a outra metade do galão para ter certeza que chegaria.
O galão de cinco litros que antes guardava suco de laranja eu ganhei com a outra funcionária anja da Cantina de baixo.
Você ainda deve estar pensando onde está o mistério ou a polianice desses acontecimentos.
Me detenho apenas no fato inicial, onde faço todo o trajeto de forma totalmente natural e só no instante que estou estacionado o carro entra em crise.
Impressiona-me.
Para deixar mais claro:
Eu poderia ter ficado parado no meio da rodovia, mas não.
Eu poderia não ter encontrado na subida a pé para o Colégio a amiga que me ofereceu uma carona caso eu precisasse.
Um anjo, dois, três e vasilhas enormes para que eu levasse água ao moribundo.
Estou deitado em casa, com os dois dedões mirando as letras da telinha e já pensando que amanhã será um dia inteiro na escola pública sem me preocupar porque nos dias de hoje existem motoristas de aplicativos.
Otimismo, ou polianismo, não sei.
O que sei é que eu e a dona Anna pegamos a providência com as duas mãos
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