Frios
Antes de pensar no título desse texto eu senti na pele um gelado de garoa.
Logo pensei na necessidade que as carnes têm de serem resfriadas para que não apodreçam.
E quando penso sobre isso também penso no tempo quando não haviam geladeiras e os alimentos eram resguardados no sal.
Essas coisas que nós, carnívoros, pensamos sobre sobrevivência e/ou perpetuação.
As coisas poderiam ter qualquer nome, mas as chamamos de frios por conta de serem conservadas no freezer, geladas.
Outro dia ao abrir a minha octogenária geladeira, senti um bafo quente vindo de dentro dela.
Depois de muitas tentativas de regulagem ela não aguentou mais.
Agora estou comprando as coisas pra comer na hora, já que para comprar outra geladeira eu preciso tirar o adestrado escorpião do meu bolso.
Estou preferindo agir assim, afinal fico fora o dia inteiro é só chego em casa para o banho restaurador, o lanchinho e pra dormir, é claro, já que com esse friozinho sorocabano de inverno essa tarefa fica ainda mais doce.
Essa frase anterior e longa só enaltece a minha pãodurice.
Lembro do tempo que pegava um ônibus às cinco da manhã na Avenida Armando Pannunzio e usava dois casacos, cachecol e luvas, que meus filhos compraram numa loja especializada em coisas do Alaska.
Hoje não é todo esse frio.
Basta uma japona, ou blusa de lã.
Ao escrever japona, lembrei que meu pai nunca esquecia de colocar a sua e falar com a sua voz de locutor de Regente Feijó: Minha Japona.
Quando eu era pequeno não conseguia ligar a jaqueta com a japonesa grande, jogadora de basquete.
Claro que agora crescidinho dei um google e uma moça bem humorada respondeu o seguinte, quando alguém lhe perguntou qual a diferença entre jaqueta e japona:
Disse ela:
É a mesma coisa, mas se disser japona, na hora nasce um fio de cabelo branco no couro cabeludo.
Tive frouxos de risos.
Ao escrever frouxos de risos também já senti nascer vários fiozinhos brancos na minha careca. Rs
Veja que interessante é essa reflexão sobre o frio.
Quando nos apaixonamos, é frio na espinha.
Quando não temos empatia, somos muito frios.
Quando falamos em público dá um frio na barriga.
Quando pintamos em azuis, estamos usando uma cor fria.
Quando fazemos algo errado, entramos numa fria e quando os poderosos ainda não usam todas as armas destruidoras, a guerra é fria.
E aí vem meu pai de novo.
Nunca me esqueci do dia que ele me confidenciou uma forma de expressão linguística única dos sorocabanos:
Nossa, que vento Fria!
Genial.
Tive a chance de confirmar apenas uma vez essa afirmativa e ela veio de um porteiro da escola, num dia de vento gelado:
Nossa, que vento Fria!
Sendo bem frio e calculista vou usar a lógica matemática para indicar a melhor loja para comprar a minha geladeira nova.
Claro, O Ponto Frio.
Depois dessa, sinta com toda a sua frieza, a minha última piada sem graça que contei para os meus alunos queridos:
Por que o Batman num estaciona o batmóvel em qualquer lugar?
Os querido atônitos ouvem a resposta:
Porque Ele tem medo que
Robin
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