O Paraíso

Hoje me encontrei no Paraíso.

Ninguém nos guichês da Rodoviária.
O moço e a moça, os únicos funcionários da Cometa nesse instante.
Acho que é o Paraíso terrestre, aginal um senhor e um casal chegaram pelo outro lado e eu ofereci o meu lugar.
Fui abençoado pelo vazio dos guichês e resolvo compartilhar a bênção.
Um minuto depois do gesto, apareceram duas outras funcionárias e uma delas me chamou para o atendimento.
Comprei a passagem para o ônibus das Quinze horas.
Cá estou sentado no banco de plástico entre tantos outros.
Cheguei todo entusiasmado na plataforma três, com o ônibus já estacionado.
O moço que guarda as bagagens gritou:
Esse é o das Quatorze e trinta, o das Quinze ainda vai estacionar!
São Quatorze e cinquenta e sete.
Quem me conhece sabe que eu sou o Senhor entusiasmo e dificilmente vou mudar, mas não respondo mais a enquete: Como foi viajar com a Cometa.
Enquete que chegará amanhã na minha caixa de e-mails.
Agora, os privilegiados são vocês, afinal apareceu um novo funcionário das bagagens gritando:
Sorocaba, Quinze horas, última chamada.
Risos e mais risos amarelos, já que o motorista e o primeiro funcionário se puseram a gritar juntos: Nãooooooo! O das Quinze ainda vai estacionar!
Essa é a mágica dos Dias especiais para a Viação Cometa.
Não falha um dia e hoje é o dia das mães.
Sempre aparece algum problema inusitado.
Quando escrevi que hoje são vocês os privilegiados, quis dizer que especulei que vocês achariam engraçado o acontecimento protagonizado pelo moço das bagagens e seu vozerão.
Acaba de estacionar o ônibus das Quinze, exatamente às Quinze e dez.
Não se esqueçam que depois do nosso ônibus deixar a rodoviária, na rua de trás, em frente a Faculdade de Artes Visuais das Unesp, ele vai parar por cerca de trinta minutos para outros passageiros entrarem e ocuparem os assentos restantes.
Depois desse conjunto enorme de palavras que vocês se dispuseram a ler, fiquei pensando sobre o meu grau atual de rabugice.
Outros risos, mas esses são meus.
Em meio ao movimento dos meus olhos vendo a fila enorme de pessoas que estão entrando no ônibus, acho graça porque são como as centenas de pessoas que vão às festas de fim de ano e o almoço é servido.
A impressão é que a comida vai acabar em cinco minutos.
Mais risos meus.
Acabo de me sentar na poltrona vinte e quatro, corredor.
A minha cabeça corre como dantes e como sempre.
Embora eu normalmente pense que tudo vai acontecer em cinco minutos tenho adquirido algum equilíbrio.
Fui o último a entrar no busão e estou confortavelmente sentado.
Faltam alguns segundos para o último passageiro entrar.
O último da rua de trás.
O Paraíso é aqui

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rima

A saga das palavras

Escolhas