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Mostrando postagens de abril, 2024

Lua de São Jorge

Sem nenhuma base científica me pus a pensar porque existe a expressão: Lua de São Jorge. Eu, aqui no escuro do ônibus em movimento e vendo a luz redonda no céu também escuro, penso. Ontem eu estava subindo a rua que me levaria até a padaria na busca de dois pãezinhos bem quentes e de repente, meu olhar foi fisgado por aquele círculo maravilhoso. Uma Lua nova, redonda e linda. Ela exibia o seu brilho no céu azul de outono. E foi ontem mesmo que me deparei com um senhor na Internet falando sobre São Jorge e a relação da igreja com esse Santo. Terminou a palestra oferecendo duas hipóteses para o time de futebol ter o Santo como padroeiro. O ontem ainda não havia acabado e o meu amor, via chat do Instagram, me manda uma bela imagem fotografada, estampando São Jorge. Aqui no escuro juntei alhos com bugalhos e aquela lua, redonda e linda, aos meus olhos com certeza leva o nome do Santo porque aparece no dia da sua reverência. Atrevo-me a pensar que só numa Lua tão linda e grande, o Santo Gue...

Detalhes

Entro na estação Brigadeiro e a doçura veio através da música Detalhes, do Erasmo, do Roberto e nossa. A ouvi vinda da Paulista. Avenida do entretenimento dos domingos abertos. A entrada da estação é coberta por chapas de acrílico transparente, hoje já um tanto fosco. O detalhe foi o amontoado de folhas debruçadas lá em cima. A visão pedia até uma fotografia, mas preferi deixar a cena registrada na memória e no texto. Tudo isso veio à memória quando pensei nas inúmeras histórias que são apresentadas nos stories do Instagram. As que me interessam têm a ver com Arte e aquelas que os amigos expõe e me tocam por necessidade de conforto, ou parabéns. Ao mudar de linha do metrô, trocando a verde pela amarela, saio do trem e os detalhes se multiplicam. Blusa preta com estampa de bolas brancas, bolsa tiracolo de couro anos sessenta, bermuda off White, moletom verde limão, chinelos de borracha, botas de canos longos, crianças, jovens e adultos com suas preferências, ora clássicas, ora exóticas....

Caminhando

Depois de descer com a escada rolante fiquei observando as pontas dos meus tênis, caminhando. Pisando leve conforme a sola ergonômica dos pisantes me permite. A primeira descoberta é que o piso da área térrea da rodoviária é feito de quadrados de borracha que imitam granito. Acho moderna essa coisa de imitar, copiar, dar a aparência de alguma coisa, sem sê-la. Todas aquelas gotinhas cinzas claras, salpicando o restante do quadrado cinza chumbo. Uma imitação, porém a sensação é do granito, na minha memória larga e abrangente. Além dessa característica do piso, eu descubro as linhas verticais e horizontais feitas pelos encaixes dos quadrados de borracha. Nada a ver com o concretismo de Mondrian, que teimava em simplificar de forma complexa as suas composições usando as cores primárias. Porém, as linhas pretas na horizontal e na vertical suscitaram em mim a composição concreta. De concreto mesmo só a memória, a associação, as relações e os sincretismos. Eu não tiro meus olhos das pontas d...

E aÍ, tudo bem?

O que importa é Acionar, tornar muitas coisas possíveis através de uma ação gentil e sincera. Não há como Esperar, ficar na dúvida de agir respaldado pelo espírito muito bem intencionado. Sempre me pareceu de fácil interpretação esse prólogo. A troca entre seres que dizem e escrevem palavras que se entrelaçam e podem ser penetradas, a ponto de extraírmos delas as imagens mais limpas e belas. Isso é mais possível na medida que elas sejam ditas e/ou escritas. Atrevo-me a afirmar que é primordial que sejam ditas. Essa disposição essencial é imprescindível a todos. Sempre é necessário dizermos e ouvirmos experiências que se tornam a própria experiência da Felicidade, do Sorriso e da Alegria. É vital a todos agradecer através de atos agregadores e motivadores de desbravamentos, nunca antes possíveis, porque careciam de uma abordagem elegante. Imaginem que esse texto nem precisa ser longo e lírico. Precisa apenas tornar-se prática diária, em trocas especialmente boas. Ainda não consegui estu...

Revelação

Parece um tanto antigo falar de Revelação, já que me remete às câmeras fotográficas analógicas. Nós revelávamos os filmes e íamos pegar as fotos impressas em papel, semanas depois. Nem parecia uma eternidade, já que a gente ficava imaginando e reimaginando se não tínhamos aberto a máquina sem rebobinar o filme. Essa observação tem um Quê de negatividade, um tanto quanto melancólica, mas não. É uma observação nostálgica e bonita, que revela uma certa preferência pelos ritos. Fotografar, esperar ter registrado as doze, ou as vinte e quatro poses, depois rebobinar, abrir a câmera, tirar o filme, levar para a loja, esperar pela Revelação física e depois voltar à loja para mais Revelações metafísicas. Ao escrever me revelo, imprimo alguns detalhes, travo uma conversa interna relevante, a fim de expressar aquilo que me é revelado pela aparência absoluta das coisas. Um dia Gil me disse que a lata dele é absoluta por ter o dentro e o fora. Assim as coisas e pessoas se apresentam ao meu olhar. ...

Reescrita

Hoje pensei em escrever sobre o Não escrever. Um moço de estatura mediana abaixou-se quando nós estávamos no sentido da saída da estação do metrô, já passando pelas cancelas. Ele se abaixou para passar pelas catracas no sentido contrário. Entrou sem pagar a passagem. Achei curioso porque nunca havia visto tal fato. Escrever tem dessas coisas, como por exemplo o relato. Eu não escrevo quando vivencio. Eu estava sem noção do que dedurar aqui no bloco de notas. Sim, dedurar. Ficar segurando o celular com todos os dedos das duas mãos, menos os dedões. Esses que ficam achando a tela bem em cima de cada letrinha, cada número e cada sinal. Dedurando quase tudo o que me acontece. E veja que para quem é sedentário, até que acontece muita coisa. O que eu não escrevo talvez eu desenhe. Estou há um tempo querendo pintar uma encomenda que meu filho fez, para que ele coloque na parede da sala. Uma tela já comprada, do tamanho que ele precisa e até já rascunhada a grafite. Ontem eu tive um insight qu...