Cartolina

Uma menina terminou o seu desenho.

Dentro de um círculo feito com compasso ela desenhou uma árvore com seus galhos secos e a lua.
Contornos com caneta preta e sombreados feitos com grafite.
Ao terminar o seu trabalho a menina se desencantou por ter manchado bastante o espaço branco além do círculo.
Eu a tranquilizei dizendo que iria achar uma cartolina preta para recuperar o fundo.
Ela recortou com tesoura o círculo e descartou o resto.
Coloquei o trabalho na minha pasta e ali ficou até ontem.
Eu não tinha cartolina preta e nem conseguira comprar.
No almoço, uma outra menina me alertou que o mobile da sala dela havia se desmanchado, mas estava guardado no armário branco onde fica o notebook.
Depois do almoço deixei minha sacola de supermercado na sala da coordenação e me dirigi até a sala para restaurar o mobile colorido, feito pelos alunos com peças de papel.
Abri o armário branco e ele estava lá.
Porém, junto à ele, havia uma sacolinha de supermercado com restos de cartolina, usados em Cartazes referentes ao trabalho de Literatura.
Saltando entre as cores um pedaço preto rasgado à mão.
Rapidamente resgatei o mobile, o rependurei e levei o pedaço de cartolina preta até a sala onde ensinaria e aprenderia Desenho.
Como ainda era cedo, abri a pasta onde havia guardado o Círculo desenhado, porém eu não tinha cola bastão na minha caixa decorada.
Nos armários brancos que existem em todas as salas, não é raro encontrar objetos perdidos.
Borrachas, lapiseiras, estojos, cadernos, todo tipo de material.
Hoje, sobre o armário, encontrei uma cola bastão pequena com embalagem amarela.
Sobre a mesinha eu já tinha o pedaço de cartolina e o círculo recortado,  desenhado pela menina.
Abri a cola, girei até o branco grudento aparecer, besuntei o verso do círculo e o coloquei centralizado no fundo preto.
Com um pedaço de papel sulfite cobrindo a colagem, friccionei a tampa da cola até que o círculo estivesse completamente fixado na cartolina.
Depois do trabalho, coloquei a obra na pasta e devolvi a cola sobre o armário branco.
Tive a ideia de relatar essa sequência que vai do aviso sobre o acidente com o mobile até a Obra reinventada dentro da pasta, para louvar mais uma vez a divina providência.
Minha mãe dizia que pegava a providência com a mão.
Ela sempre me pega pela mão.
Sempre.
Para quem achou estranho eu falar que deixei minha sacola na sala da coordenação, eu explico:
Ela contém a caixa decorada cheia de materiais, minhas duas pastas com papeis sulfite e uma garrafinha com água, que eu levo para as duas escolas.
Volto a ressaltar a atuação da Providência.
A propósito, em agradecimento por mais essa Graça, eu já comprei uma cartolina preta inteira e na segunda vou repor na sacola de supermercado

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rima

A saga das palavras

Escolhas