Daqui
Comecei a olhar antes de escrever.
Não digo isso falando da infância, da criança que eu fui, digo de agora, já, com esses olhos desafiados.
Enxergo muitos papéis colados na parede onde antes morava um desenho feito com canetão preto.
Morava não.
Mora, mesmo que a maioria das suas linhas esteja abstraindo seus significados.
Alço os olhos mais para baixo e não vejo meus pés descalços, o que vejo é a borracha do par de sandálias.
As de couro estão escondidas no armário à esquerda.
Esse é o móvel que suporta a televisão de tela plana.
Um pequena, não aquela maioral que mora na capital.
Essa pequena emite imagens pixalizadas, diferentes das impressas nos papéis que escondem o grande pássaro de mil olhos.
Dentre retratos diversos, personagens japoneses, origamis de borboletas, rosas, envelopes, papéis vegetais, kirigamis e releituras de obras famosas, existe um espaço grande para nossas filosofias práticas.
Entre um corte num dos papéis e uma dobra noutro, mora um universo que se desdobra, por exemplo, em peixe com suas escamas.
Lembro da obra Aquário da Artista Leda, que meus olhos botaram atenção num clube aqui da cidade.
Sobre um plástico para fazer cortina de banheiro, estampada com muitos peixes, a artista fez o contorno preto de um cubo em perspectiva.
Um aquário.
Meu tio que tocava sanfona era de aquário e era, como os estudiosos dos signos dizem, um Artista distraído.
Aquariano, o artista.
Noutro espaço entre tantos papéis aparece-me um olho triste.
Não sei se triste, ou cansado.
Como ao lado dele aparece um resto de asa, penso que o olhar é desejoso de encantamento.
Deseja voar pra bem longe de alguns problemas.
Porém, problema é aquele que se resolve na matemática.
Há tempos reparei que, numa lousa cheia de números dispostos em equações, depois de cortar isso com aquilo e aquele outro, o resultado sempre dá Um.
O resultado sempre está em nós, esses uns e suas escolhas.
Nos papéis colados na parede existem muitas escolhas, dentre elas o grafite, o Nanquim, a caneta preta, o lápis de cor, as canetas hidrográficas, as impressões com guache e outras que o tal tempo desgastou.
Talvez nem tenha sido o tempo, possivelmente tenha sido o sol e sua luz.
Meu super amigo artista fez uma Exposição em São Paulo e em suas obras em papel, usou apenas canetas hidrográficas.
Não vendeu nenhum dos trabalhos porque ele não deu nenhuma garantia que os trabalhos iam durar pra sempre.
Tenho na minha pasta grande um deles.
Restou o papel Fabriano em branco, mas não só.
Guardo na memória a composição com linhas verdes e vermelhas, cheias de significado empírico.
Olho para cima e daqui eu vejo a luminária nova e branca que eu comprei por oito e noventa.
É simples, tem só o plástico, o soquete e a lâmpada.
Como você, eu vejo e admito a viagem.
Empreitadas dentro e fora daqui.
Daqui o que eu vejo é muito mais do que tudo isso
Enxergo muitos papéis colados na parede onde antes morava um desenho feito com canetão preto.
Morava não.
Mora, mesmo que a maioria das suas linhas esteja abstraindo seus significados.
Alço os olhos mais para baixo e não vejo meus pés descalços, o que vejo é a borracha do par de sandálias.
As de couro estão escondidas no armário à esquerda.
Esse é o móvel que suporta a televisão de tela plana.
Um pequena, não aquela maioral que mora na capital.
Essa pequena emite imagens pixalizadas, diferentes das impressas nos papéis que escondem o grande pássaro de mil olhos.
Dentre retratos diversos, personagens japoneses, origamis de borboletas, rosas, envelopes, papéis vegetais, kirigamis e releituras de obras famosas, existe um espaço grande para nossas filosofias práticas.
Entre um corte num dos papéis e uma dobra noutro, mora um universo que se desdobra, por exemplo, em peixe com suas escamas.
Lembro da obra Aquário da Artista Leda, que meus olhos botaram atenção num clube aqui da cidade.
Sobre um plástico para fazer cortina de banheiro, estampada com muitos peixes, a artista fez o contorno preto de um cubo em perspectiva.
Um aquário.
Meu tio que tocava sanfona era de aquário e era, como os estudiosos dos signos dizem, um Artista distraído.
Aquariano, o artista.
Noutro espaço entre tantos papéis aparece-me um olho triste.
Não sei se triste, ou cansado.
Como ao lado dele aparece um resto de asa, penso que o olhar é desejoso de encantamento.
Deseja voar pra bem longe de alguns problemas.
Porém, problema é aquele que se resolve na matemática.
Há tempos reparei que, numa lousa cheia de números dispostos em equações, depois de cortar isso com aquilo e aquele outro, o resultado sempre dá Um.
O resultado sempre está em nós, esses uns e suas escolhas.
Nos papéis colados na parede existem muitas escolhas, dentre elas o grafite, o Nanquim, a caneta preta, o lápis de cor, as canetas hidrográficas, as impressões com guache e outras que o tal tempo desgastou.
Talvez nem tenha sido o tempo, possivelmente tenha sido o sol e sua luz.
Meu super amigo artista fez uma Exposição em São Paulo e em suas obras em papel, usou apenas canetas hidrográficas.
Não vendeu nenhum dos trabalhos porque ele não deu nenhuma garantia que os trabalhos iam durar pra sempre.
Tenho na minha pasta grande um deles.
Restou o papel Fabriano em branco, mas não só.
Guardo na memória a composição com linhas verdes e vermelhas, cheias de significado empírico.
Olho para cima e daqui eu vejo a luminária nova e branca que eu comprei por oito e noventa.
É simples, tem só o plástico, o soquete e a lâmpada.
Como você, eu vejo e admito a viagem.
Empreitadas dentro e fora daqui.
Daqui o que eu vejo é muito mais do que tudo isso
ResponderEncaminhar |
... esse mestre fantástico das artes , das palavras, faz nossos olhos sorrirem de tanta arte do coração.
ResponderExcluir