Gente, sou eu!

Essa é uma daquelas situações sobre as quais eu penso estar sozinho.

Sei que não estou.
Há muito tempo visitei uma loja antiga no centro de Sâo Paulo, chamada Museu do Disco.
No fundo da loja havia a sessão de livros e revistas importadas.
Ao folhear uma revista inglesa, logo vi uma charge que mostrava um homem feito com peças de quebra-cabeças.
O homem estava montado do peito para cima e arrumava o resto das peças que estavam sobre uma mesa à sua frente.
Foi aí que descobri que não estou sozinho com as minhas ideias esquisitas.
Eu havia tido a mesma ideia no ano anterior e a diferença foi que no meu desenho havia mais cores pintadas à aquarela.
Os traços pretos foram feitos com o mesmo Nanquim que o artista inglês imprimiu no seu trabalho.
A história sobre a qual eu quero fazer relação com o que relatei acima acaba de se passar novamente no Metrô, na linha Vermelha.
Entrei no trem e não havia lugar para eu sentar, porém gosto de viajar em pé.
Na estação anterior a República vários passageiros deixaram o trem e sobrou um lugar ao lado de um homem simples.
O lugar era contra o fluxo do trem e sempre que isso acontece me lembro do dia que fui de ônibus dar aulas no Parque das Laranjeiras.
Fui a viagem inteira num assento virado ao contrário.
Quando desci do ônibus quase chamei Urubu de Meu Lôro (Risos meus e talvez não esteja sozinho).
Fiquei zonzo e depois que me sentei na sala dos professores me veio à certeza de que passei mal por conta de ter feito o trajeto todo de costas para o fluxo.
Explico isso detalhadamente porque fiquei meio constrangido de ter me sentado de lado, ao lado do jovem senhor.
Você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com a forma diferentona que costumo ver as situações?
Na estação República desceu mais gente e vagaram muitos lugares.
Deixei meu constrangimento e me sentei na janela deixando um lugar vago ao meu lado.
Não é que nesse assento sentou um jovem de costas para mim?
Isso mesmo.
Não quero ter a pretensão de saber, ou descobrir, se ele ficou constrangido com o fato, ou tem o mesmo problema que eu ao viajar ao contrário.
Não.
A minha intenção é dividir com você essas esquisitices tão peculiares a mim.
Adoro estabelecer e referenciar essas pontes do imaginário.
Ao descer no ponto final - estação Palmeiras Barra funda - seguro a barra de pensar sobre cada pessoa que vem na minha direção no contra fluxo.
Um homem de cabelo curto e grisalho com um cachecol listrado em preto e cinza e uma mulher com chinelos de crochê com sola de pneu, vestindo um vestido estampado com flores grandes.
Dois exemplos de captação de imagens realistas pelas quais sou impactado.
Nesse contra fluxo ninguém parece passar tão mal.
Claro que vários estão preocupados e distraídos.
Não devem passar tão mal.
Passam de bem com seus gostos e costumes, gestos e afinidades.
Afinal, deve ser muito difícil sair de casa sem lenço, documento e pelo menos alguma esperança

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