A visão de um homem quase velho

Lembrei da expressão Pensamento Mágico.

Essa foi mais uma das Expressões que ouvi e apreendi em palestras realizadas nos colégios onde trabalho e me encanto.
Quando pensei no título impulsionador do texto: A visão de um homem quase velho, tive a intenção de reviver momentos que tenho compartilhado com pessoas de todos os gostos, jeitos e formas.
Tenho visto e prestado atenção em meus colegas mais velhos.
Amigos dos quais não tenho nenhuma informação que não seja a visual.
Colegas - homens e mulheres - que vestem todo tipo de cor, de sapatos, chinelos, calças, vestidos e jalecos.
Aqui usei o verbete Jaleco porque adoro a palavra.
Poderia ter usado mocassim, cachecol, sobretudo e até peignoir, mas aí eu iria elitizar muito o texto que desejo mais simples.
Simples como o colega velho que vejo a conversar com um colega mais moço sobre a qualidade duvidosa das canções atuais. Sobre isso eu gosto sempre de lembrar Belchior, na poesia que nos questiona como podemos nos tornar parecidos com aquilo que não é tão legal em nossos pais.
Meu pai era conhecido por Mestre e minha mãe como Psicóloga.
Era o que dizia um dos maiores psiquiatras sorocabanos de antanho.
Antanho, que palavra deliciosa de se usar, mostrando que o quase velho é apenas uma questão de ótica quântica.
Meus pais, meus velhos amigos que me deram a opção da liberdade.
A minha mãe perdeu a visão do olho direito quando eu nasci.
Hoje seria diagnosticada com uma infecção hospitalar.
Minha tia, irmã mais nova da minha mãe, me levou de avião até São Paulo e depois de trem até Regente Feijó.
E eu com quarenta e cinco dias fiquei mamando na mamadeira que teve o bico furado por agulhas de costura, esquentadas na chama do fogão.
Até mamãe chegar em Campinas foram dois meses.
Dito isso eu observo senhoras em pé conversando sobre as maravilhas e também as desventuras de seus casos no Tinder.
Na plataforma avisto o senhor com bermudas jeans e camiseta sem mangas com a estampa da capa do disco: The dark site of de moon, do Pink Floyd.
Ao lado dele está aquele jovem senhor com calças jeans e camiseta verde, onde está colado um adesivo circular em apoio a Palestina.
Ele segura a mão do neto, que na outra mão leva a bandeira e o mastro Palestinos.
Quando meus olhos acontecem de ver os mais jovens, eles também os admiram.
Vêm com bons olhos os que contam sobre seus planos, os que levam tubos pretos de plástico, próprios para guardar desenhos e projetos de Arte e arquitetura.
Alguns mais tarde seguem apressados e exaustos de tanto trabalho e correria, mas sonham de olhos abertos com o amanhã multicolorido.
Olho com muito interesse os senhores e senhoras com ansiedade, balançando as pernas, roendo as unhas e ainda fazendo planos para as viagens de fim de ano.
Um velho entra na loja de departamentos e compra um pen-drive, uma senhora na mesma loja compra um celular da Apple e já começa a fazer a procura Google, usando a câmera pra saber qual é a flor que ela está vendo na calçada, do outro lado da rua.
Já eu, me movimento de um lado para o outro, tentando mostrar para você, o que o fato de eu ter ido para São Paulo com quarenta e cinco dias e ter ficado sem mamar no peito de minha mãe por dois meses, têm a ver com a visão de um homem quase velho?
É apenas um adendo que motiva esse homem a imaginar como uma mãe viveu oitenta e oito anos tendo a perspectiva de apenas um olho.
Uma Visão impulsionada pelo Deus de suas orações é por mim vista como uma certeza absoluta.
Resta a mim uma visão com armação.
Essa que uso como presente da minha filha que baila sem nenhuma armação.
Armo o contra ataque e não fico na defensiva.
A medida que envelheço busco ver sempre um passo à frente.
Se eu aprendi algo com cinquenta anos, por que não posso motivar outros tantos a aprender mais cedo?
Vendo que os meus ídolos não são sempre os mesmos, embora haja Caetanos, Gils e Chicos, vivo tendo a certeza que o novo, o novo sempre vem

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