A chave de quase tudo
Para entrar no nosso prédio é preciso passar por duas portas.
Foi na volta das compras que eu tive a ideia, ou a ciência exata do fato ocorrido há meses.Coloquei a chave da primeira porta e já fui pensando no dia que comprei um chaveiro com mosquetão.
Acho bem funcional, afinal engato o dito cujo numa das alças da calça e as chaves ficam mais distantes da perdição.
Fantástico.
Estava precisando desse chaveiro e o comprei na loja que fica bem em frente ao prédio.
Bonito, com fivelinha de couro e tudo.
Quando fui trocar as chaves do chaveiro velho eu tive muita preguiça de tirá-las da argola que as prendia de forma organizada e ainda mais funcional.
Deixei a argolona encaixada na argola um pouco menor que já pertencia ao chaveiro novo.
E lá se foi um bom tempo até esse dia que descrevo.
Esse no qual tive o estalo da ideia.
Uma ideia um tanto banal, mas me encheu de vontade.
Tirar a argolona velha e colocar todas as chaves na argola original do chaveiro de courinho.
Fiz.
Tirei uma a uma todas as chaves, deixando os dentes todos para baixo e na ordem de uso.
A chave redonda da porta de fora, a chave magra da segunda porta de entrada e a chave do apartamento.
Idealizado e feito.
Agora até o peso é outro.
Bem mais leve.
Leve como a realização de uma ideia.
Como disse antes, uma ideia banal, mas que possibilita muitas leituras pessoais.
A partir dela abro a possibilidade de criar mais versos sobre o verso dos dentes das chaves, abro o gosto para a diversidade de aberturas de muitas portas, ainda desejosas de serem abertas, abro a janela da alma para uma visão um pouco melhor da primeira estrela, abro as cortinas de tudo que ainda estava encoberto pela sombra dos móveis imóveis e abro-me a tudo que por mim ainda é desconhecido.
Vai que ao abrir a segunda porta com a chave magra eu encontre o Hall de entrada pintado de xadrez!
Passarei a ser um peão um pouco mais serviçoso, vou desselar os cavalos e vou me sentar na escadinha para uma conversa demorada e gentil com a minha Rainha
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